Remédio biológico ataca tumor gástrico com mutação genética

Droga que ganhou nova indicação já era usada para um tipo de câncer de mama
Pacientes com um tipo de câncer de estômago que apresenta uma mutação têm mais uma opção de tratamento. O anticorpo monoclonal trastuzumabe, uma droga biológica que impede a reprodução das células cancerosas portadoras da mutação, passa a poder ser indicado também para tumores de estômago. O remédio já era usado para câncer de mama.

A mudança de indicação foi aprovada em julho pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). De acordo com o oncologista Paulo Hoff, diretor do Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira), de 10% a 15% dos tumores gástricos têm a mutação conhecida como HER2 e podem ser tratados com o anticorpo.

Um estudo sobre a droga (patrocinado pela fabricante do remédio, a Roche) com 584 pessoas em 24 países foi publicado na revista médica “Lancet“ no ano passado.

A pesquisa mostra que os pacientes, cujos tumores não podiam mais ser operados, ganharam cerca de três meses a mais de sobrevida com o tratamento aliado à quimioterapia, em comparação aos que receberam só a quimioterapia.
Hoff afirma que a busca por novos tratamentos oncológicos tem se concentrado na identificação de subgrupos de tumores, para o desenvolvimento de terapias individualizadas.

“Antigamente, o câncer era ou de mama ou de estômago ou de intestino. Hoje, sabemos que dois tumores podem estar no mesmo órgão e ser muito diferentes do ponto de vista molecular.“

Apesar de o ganho de sobrevida ser em média de apenas três meses, Hoff lembra que alguns pacientes podem se beneficiar mais. “Quanto mais forte a expressão do receptor HER2, mais o tratamento funciona.“ A desvantagem do tratamento é o preço. “A cada três semanas, gasta-se cerca de R$ 6.000 a R$ 7.000.“

Fonte: FOLHA DE S.PAULO