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‘Vamos chegar a uma prótese funcional que vai continuar em nosso corpo por toda a vida’, diz neurocientista
RIO - Nome: Catharine Young. Nacionalidade: sul-africana. Formação: neurocientista. Áreas de interesse: próteses em ratos, distribuição de medicamentos para crianças e um trabalho sigiloso em Washington. A palestrante do TEDGlobal 2014 divide-se entre três missões que julga promissoras. A mais avançada é o implante de conectores no cérebro, chamados eletrodos, a membros artificiais do corpo. Alguns dos conectores duram menos de dois meses, outros sobrevivem por anos. O motivo desta variação ainda é desconhecido. Entender detalhes desta técnica aumentaria o controle do paciente sobre sua prótese.
O estudo é conduzido na Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa dos EUA (Darpa), que também foi o berço da& nbsp;internet. Catharine participou do trabalho até o ano passado, mas ainda acompanha de perto seus colegas.
- Não entendemos por que&n bsp;o conector falha - reconhece. - O cérebro é um órgão muito complexo e há um grande leque de células que servem para uma variedade de funções. Precisamos saber como elas interagem com este objeto que introduzimos ali. Alguns destes processos podem ser prejudiciais. Outros, talvez, ajudarão a desenvolvermos próteses mais resistentes.
Durante a pesquisa, Catharine observou em tempo real a reação entre células e conectores no cérebro de ratos. O “diálogo” entre estes componentes pode contribuir para o desenvolvimento de próteses mais duradouras.
- Tentamos entender qual é a relação entre cada componente: o cérebro, os conectores, o organismo - revela a neurocientista. - A partir daí, conseguiremos adaptar aquele objeto para evitar qualquer rejeição do corpo.
Segundo a cientista, a pesquisa pode resultar em uma “prótese eterna” - todas as falhas serão eliminadas e o paciente não precisará recorrer a novos conectores.
- Em algum momento vamos chega r a uma pró tese funcional que vai continuar em nosso corpo por toda a vida. Mas ainda serão necessários alguns anos de pesquisa - pondera. - Não teremos apenas uma fórmula. Há muitas variantes, como o estado de saúde do paciente e o local em que o conector será inserido no cérebro.
Catharine ressalta que o estudo dos conectores é diferente de outros métodos invasivos.
- Num transplante, por exemplo, um órgão inteiro é substituído. Já o trabalho com os eletrodos significa introduzir um objeto inteiro no corpo - compara. - A rejeição do corpo, então, pode ser diferente.
App de olho em vacinas
Moradora de Washington, a neurocientista lançará no ano que vem um novo projeto do outro lado do Oceano Atlântico. Catharine é cofundadora da ONG Brueprint International, que vai rastrear a distribuição de vacinas na África do Sul e em outros países da região.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, uma em cada cinco crianças do mundo não recebe vacinas bás icas. Até 3 milhões de mortes podem ser evitadas por ano com a imunização contra doenças como sarampo, difteria, tétano e rubéola.
- Metade das vacinas é perdida em sua viagem, do local de fabricação ao destino - explica. - Durante sua trajetória, ela passa por depósitos, clínicas, e muitas vezes sua preservação é comprometida pela falta de refrigeradores.
O objetivo da ONG é desenvolver um aplicativo para celular que monitore esta locomoção. A identificação e o reparo dos pontos mais problemáticos aumentariam o acesso às vacinas, e também poupariam gastos no sistema de saúde de países cujo orçamento já é apertado.
Um trabalho ‘top secret’
Além de acompanhar o grupo de estudo dos eletrodos e preparar a inauguração de sua ONG, Catharine dedica-se a uma função pouco conhecida do Departamento de Defesa dos EUA.
- Trabalho em uma divisão envolvida na redução de armas químicas, biológicas e nucleares - conta. - Atendemos países aliados aos EUA que nos procuram e evit amos que o estudo de determinados agentes resulte na criação de uma nova arma. Montamos instalações seguras e mostramos quais são os melhores métodos de pesquisa. E isso é tudo que eu posso dizer a você.
Fonte: Portal O Globo