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Física ajuda a prever sucesso de cirurgia de desvio de septo
Com a ajuda de tomografias e de conceitos da área da física conhecida como dinâmica de fluidos, é possível dizer quais pacientes têm mais chance de se beneficiar da cirurgia no septo nasal (a parede que separa as narinas). O ideal é que essa parede seja reta. Em até um quarto das pessoas, ela é torta, deixando irregular o interior do nariz. Em alguns casos, é preciso corrigi-la com cirurgia.
O diagnóstico é feito pelo médico no próprio consultório. O especialista pode usar um endoscópio nasal para observar o nariz por dentro ou até pedir uma tomografia. Guilherme Garcia, pós-doutorando da Universidade Federal de Minas Gerais, apresentou uma pesquisa sobre esse diagnóstico, durante o Encontro de Física 2011, da SBF (Sociedade Brasileira de Física), em Foz do Iguaçu.
Junto com colegas médicos, como Julia Kimbell, da Universidade da Carolina do Norte (EUA), ele está tentando tornar essa metodologia mais objetiva, mesmo porque 30% dos pacientes que fazem a cirurgia continuam reclamando de obstrução nasal. ‘Muita gente não vai precisar entrar na navalha’, brinca Garcia.
O primeiro passo é obter imagens de tomografia do nariz. Com isso, fica disponível um modelo digital da cavidade nasal, que pode ser manipulado com a ajuda de um programa de computador. ‘Você cria desvios de septo virtuais em regiões diferentes do nariz, empurrando o septo para cá ou para lá.’ Entram em cena, depois, equações de dinâmica de fluidos, que preveem a dificuldade de passagem do ar narinas adentro, do mesmo modo que indicam a turbulência nas asas de um avião.
Os resultados mostraram que muitas das intervenções no septo não afetam a capacidade de respirar. Um elemento que faz diferença é a posição do desvio: quanto mais perto da ponta do nariz, mais problemas ele causa porque a entrada do ar na narina é um momento crucial para a respiração. Cirurgias guiadas pelo novo princípio já são testadas nos EUA. ‘A ideia é que o médico faça uma cirurgia virtual antes de saber se vale a pena operar o septo.’
Fonte: Folha de São Paulo