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“Dr Google” pode fazer mal para a sua saúde
Atualmente, é difícil encontrar alguém que nunca tenha tentado resolver ou entender mais sobre um sintoma, um laudo ou um problema de saúde pela internet. Dados da plataforma DeepAdvantage, mostram que o maior site de buscas do mundo – o Google – calcula uma média de 60.000 pesquisas por segundo, processa 167 bilhões de buscas todo mês e computa mais de dois trilhões de pesquisas por ano. No que diz respeito ao público brasileiro, a pesquisa, encomendada pela seguradora Bupa ao Instituto Ipsos e à London School of Economic, destaca que oito em cada dez pessoas usam a internet para buscar informações sobre sua saúde, o efeito de remédios e as condições de outros usuários com doenças semelhantes. A pesquisa ainda mostra que 68% dos brasileiros consultam a internet sobre medicamentos, 45% sobre hospitais e 41% desejam conhecer as experiências de outros pacientes. Contudo, com a infinidade de informações e com a rapidez com que os sites de busca respondem às dúvidas, eles também podem colocar a saúde em risco. “Eu tinha um paciente – engenheiro e filho de um casal de médicos – que realizou uma consulta com o proctologista, fez uma colonoscopia e retirou material para biópsia. Com o laudo em mãos, ele foi para o Google. O diagnóstico constatava um adenoma, que é um nódulo benigno. Porém, ao digitar, o navegador preencheu automaticamente a busca e trouxe informações sobre adenocarcinoma, que é um câncer de intestino. No calor do momento, ele passou a madrugada de sexta para sábado pesquisando sobre o assunto e, na manhã seguinte, o pior aconteceu. Ao sair do plantão, recebi a ligação da irmã desse paciente, informando que ele havia tomado uma atitude drástica. Retornei e, infeli zmente, constatei que ele tinha ido a óbito”, conta o diretor-presidente da Unimed Curitiba, Rached Traya. O médico ainda alerta que esse é o relato de um caso dramático de uma pessoa com um bom nível intelectual, filho de profissionais da área da saúde, e que nem por isso foi poupado pela saga de um buscador. É isso que alerta a médica pediatra cooperada da Unimed Curitiba, Marli Perozin. “A democratização do acesso à informação trouxe uma gama muito grande de conteúdos na internet. Embora esse conhecimento geral tenha facilitado a vida das pessoas, não podemos esquecer que nada s ubstitui a avaliação feita pelo médico – que analisa sintomas associados a diversos fatores, como hábitos alimentares, estilo de vida, genética e familiaridade do paciente”, completa. Ainda de acordo com a especialista, ao fazer uma busca, o paciente pode deparar-se com conteúdos que o levem a achar que tem uma doença grave quando, na verdade, não passa de uma virose, por exemplo. Ou então, corre o risco de não dar a devida atenção aos sintomas que podem estar associados a algo mais grave. E foi exatamente isso que aconteceu com a publicitária Lorena Langowski dos Santos. Mãe de dois filhos – um menino de dez e uma menina de dois anos –, ela conta que, durante uma viagem com os avós, o filho mais velho teve uma infecção nas amígdalas, sendo medicado com antibiótico. Ao retornar para casa, a mãe detectou uma alergia e foi aí que começou uma sequência de erros. “O primeiro foi a automedicação. Achei que era picada de inseto e dei um antialérgico”, conta. Porém, a situação piorou. “No dia seguinte, meu filho acordou com o corpo cheio de lesões vermelhas. Corri para o pronto atendimento de um hospital e, após a avaliação médica, algumas hipóteses foram excluídas e a medicação substituída”. Aparentemente, tudo resolvido, não fosse ela recorrer a um site de buscas. “Como meu filho precisaria fazer alguns exames laboratoriais na manhã seguinte, resolvi pesquisar possíveis causas para o que ele tinha. E não poderia ser pior. Estávamos em pleno surto de Dengue, Chikungunya e Zika e as pesquisas me levaram a crer que meu filho tinha algo muito pare cido com o que eu li na internet”, lembra. A confusão só acabou quando a mãe resolveu recorrer ao médico da família, que acompanha o filho desde bebê. “Fui até ele para me tranquilizar, pois ninguém sabia mais sobre o meu filho do que ele. E foi o melhor que fiz. Felizmente, não passou de uma reação alérgica, provocada pelo antibiótico”. Perigos do Dr. Google Para os médicos, muitas vezes, o paciente faz a busca pelos sintomas e, de imediato, encontra o suposto diagnóstico. Contudo, não leva em consideração que um mesmo sintoma pode estar associado a diferentes patologias e que cada pessoa é única. Os especialistas ainda advertem que um dos maiores riscos ao consultar o “Dr. Google” é a automedicação, já que muitos se deixam levar pelas informações acessa das e se automedicam. Isso acontece vezes pela praticidade, vezes por falta de tempo de ir à consulta. Porém, em muitos casos, ocorrem complicações justamente pelo uso do remédio errado ou pela interação medicamentosa. Vale lembrar que 28% das intoxicações são ocasionadas por uso de medicação inadequada, o que pode causar um choque anafilático e levar a pessoa à morte.
Fonte: Acontece Curitiba