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Metade da população desconhece a leucemia
Cerca da metade dos brasileiros não sabe que tipo de doença é a leucemia. E mais: 20% da população sequer sabe o que é leucemia. Esses números foram apontados por pesquisa IBOPE, encomendada por uma indústria farmacêutica. Dos 50% restantes, 8% afirmaram ser um câncer, mas não conseguiram precisar qual.
— Ainda existe muita confusão em relação a leucemia, principalmente sobre os sintomas e o tratamento. Por outro lado, segundo a pesquisa, mais de 25% dos entrevistados disseram que conheciam alguém que já teve a doença — apontou o hematologista do Hospital Albert Einstein, Guilherme Perini, sobre outro dado do estudo que apontou que 28% afirmaram conhecer alguém com leucemia.
Entre outros números, o IBOPE mensurou que os sintomas reais da doença, como infecções recorrentes, sangramentos e dores nos músculos e articulações, são citados, mas em menor proporção (12%, 17% e 17%, respectivamente) do que a perda de peso e a queda de cabelo (51%) que, na verdade, são sintomas do tratamento quimioterápico. A pesquisa constatou que 45% dos brasileiros desconhecem totalmente os sintomas da doença.
O IBOPE ouviu mais de 2.000 pessoas em todo o Brasil durante o mês de março deste ano e apontou ainda que dos 42% que especificaram exatamente o que é a leucemia, 29% são moradores das regiões Norte e Centro-Oeste; 40% do Nordeste; 46% do Sudeste e 48% do Sul.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), a região Norte é a única na qual o ranking dos cinco tipos mais incidentes de câncer entre os homens inclui as leucemias.
No geral, segundo o INCA, o câncer de pele do tipo não melanoma (182 mil casos novos) será o mais incidente na população brasileira em 2015, seguido pelos tumores de próstata (69 mil), mama feminina (57 mil), cólon e reto (33 mil), pulmão (27 mil), estômago (20 mil) e colo do útero (15 mil).
De acordo com Perini, a população também desconhece que a leucemia pode ser tratada com remédios, além da quimioterapia e o transplante de medula óssea.
Ele explica que os tratamentos para as leucemia linfoide aguda (afeta células linfoides e se agrava rapidamente; mais comum em crianças pequenas) e para a leucemia mieloide aguda (afeta as células mieloides e avança rapidamente; ocorre tanto em adultos como em crianças) são a quimioterapia ou o transplante ou ambos.
Mas, no caso da leucemia linfoide crônica (se desenvolve vagarosamente; comum em pessoas com 55 anos ou mais) e da leucemia mieloide crônica (também se desenvolve vagarosamente e acomete principalmente adultos), os tratamentos podem ser menos agressivos.
Perini disse que para casos de mieloide crônica, remédios podem ser suficientes. E que o tipo linfoide crônica é o mais comum (cerca de 50% dos dentes com leucemia) e que proporciona “sobrevida alta“.
— Nesse caso, há novas drogas aprovadas fora do Brasil que devem chegar em brave por aqui. Outra evolução no tratamento é a diminuição da taxa de mortalidade em casos de transplante.
Banco de doação
Segundo dados da última estimativa de novos casos de câncer do Inca, as leucemias são o nono tipo mais frequente de câncer entre homens e o décimo entre mulheres no Brasil.
São estimados 9.370 novos casos para cada 100 mil habitantes no país em 2015. Destes, 4.150 casos na região Sudeste (2.210 em homens e 1.940 em mulheres) mas com taxa bruta maior em na região Sul (estimados 1.140 novos casos em homens e 920 novos casos em mulheres, num total de 2.060 novos casos, com uma taxa bruta de 8,13 novos casos para cada 100 mil homens e 6,30 novos casos a cada 100 mil mulheres).
Segundo o INCA, qualquer pessoa entre 18 e 55 anos com boa saúde pode doar medula óssea (retirada do interior de ossos da bacia, por meio de punções, sob anestesia). O REDOME (Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea), com cerca de 3,6 milhões de doadores, é o terceiro maior cadastro do mundo, atrás dos EUA (cerca de 7 milhões) e Alemanha (cerca de 5 milhões).
Inicialmente, os doadores preenchem um formulário com dados pessoais e é coletada uma amostra de sangue para testes. Estes testes determinam as características genéticas que são necessárias para a compatibilidade entre o doador e o paciente.
Os dados do doador são cruzados com os dos pacientes que precisam de transplante de medula óssea constantemente. Em caso de compatibilidade, outros exames de sangue serão necessários. Em caso de busca de doador não-aparentado, não há fila ou espera. Isso porque este procedimento depende única e exclusivamente da compatibilidade entre doador e receptor.
É possível se cadastrar como doador voluntário de medula óssea nos hemocentros nos estados. No Rio de Janeiro, além do Hemorio, o INCA também faz a coleta de sangue e o cadastramento de doadores voluntários de medula óssea, de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h. Não é necessário agendamento.
Hoje, um paciente inscrito no Registro Nacional de Receptores de Medula Óssea (REREME) tem 88% de chances de encontrar um possível doador não aparentado compatível na fase inicial da busca. Destes 88%, de 50 a 60% vão ter um doador compatível confirmado.
Fonte: Portal O Globo