MAL EXISTE DESDE ANOS 1950

 A febre chicungunha foi detectada pela primeira vez em 1952, na fronteira da Tanzânia com Moçambique, e se espalhou por África e Ásia. No fim de 2013 a doença foi registrada pela primeira vez nas Américas. Até janeiro de 2015, mais de 1,135 milhão de casos suspeitos foram registrados nas ilhas do Caribe, em países da América Latina e nos EUA, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). E 176 mortes foram atribuídas a ela no mesmo período.


No Brasil, o último Boletim Epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde aponta 771 casos autóctones suspeitos no país, sendo 82 confirmados (nove por exame laboratorial e 73 por diagnóstico clínico epidemiológico), 687 em investigação e dois descartados no período de 4 de janeiro a 7 de fevereiro deste ano. Os estados de Amapá, Mato Grosso do Sul, Goiás e Bahia, além do Distrito Federal, são os afetados.

Há três anos, quando o trabalho do laboratório de virologia molecular do ICC começou, o vírus da febre chicungunha sequer circulava no Brasil, mas os pesquisadores já previam, pela dispersão que acontecia nas ilhas do Oceano Índico, que a doença viria para as Américas. A equipe, então, sintetizou quimicamente o gene do vírus e, a partir dele, produziu uma proteína recombinante. Num primeiro momento, até era possível produzir insumos antígenos e anticorpos para fazer o diagnóstico, mas ainda não havia amostras de soro de pacientes para validar isso.

Depois disso, uma parceria com o Instituto Pasteur da Guiana Francesa enviou amostras de pacientes, mas numa fase específica da doença — o interessante é ter pacientes em diferentes fases, e elas são três. A primeira é quando há vírus circulante no organismo; já na fase aguda são criados os anticorpos; e a terceira é a de convalescença.

— Recentemente, o Instituto Gonçalo Muniz, na Bahia, reuniu pesquisadores, médicos e enfermeiros envolvidos com o vírus, e, a partir desse contato, conseguimos um painel de amostras de pacientes de Feira de Santana na fase aguda, nos primeiros cinco dias da doença — conta Cláudia. — Recebemos as amostras, inoculamos o vírus nas células de mosquito em cultura e conseguimos fazer o isolamento — comemora.