Estudo desafia consenso sobre enjoos

 Num laboratório na Universidade de Minnesota, Thomas Stoffregen coloca uma pessoa numa “sala móvel“. A câmara um tem piso de cimento e três paredes de mármore falso, que se inclinam para dentro cerca de 30 cm. Um movimento tão perturbador que geralmente desequilibra os adultos. Stoffregen usa o aparato para estudar a cinetose, o enjoo de movimento. Os indivíduos devem suportar oscilações na s paredes até que sintam tontura. A pesquisa também o levou a navios, avança o Diário Digital.

“Ninguém jamais vomitou no laboratório, mas nos cruzeiros é outra história.“

O cientista acred ita que o problema não surge no ouvido interno, mas sim num distúrbio no sistema do corpo que mantém a posição. A ideia começa a ganhar um reconhecimento hesitante.

“A maioria das teorias diz que, quando você sente enjoo em movimento, perde o equilíbrio“, disse Robert Kennedy, da Universidade Central da Florida. “Stoffregen diz que se fica enjoado porque perde-se o equilíbrio.“

O enjoo em viagem é tão antigo quanto o transporte passivo. A palavra “náusea“ deriva da palavra grega para “barco“.

Sejam quais forem as suas origens, Stoffregen disse que esse tipo de náusea pode piorar com a proliferação de equipamentos digitais.

Apesar da sua predominância, Charles M. Oman, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, disse: “Houve relativamente pouca pesquisa sobre náuseas, vómitos e enjoos na era moderna“.

O especialista acredita que a neurociência confirmará a explicação tradicional, de que o enjoo surge por um conflito no ouvido interno quando a percepção do movimento não combina com os padrões armazenados no cérebro.

Geralmente, aceita-se que órgãos do ouvido interno funcionais são um pré-requisito para o enjoo: um estudo publicado em 1968, por exemplo, descobriu que surdos não sofriam náuseas num barco estreito no mar com ondas de 12 metros.

Stoffregen rejeita a teoria, que, segundo ele, não explica por que as mulheres têm maior tendência para o enjoo do que os homens ou por que é mais difícil para os passageiros suportarem o movimento do que para o motorista.

Ele afirma que os seres humanos ficam nauseados em situações em que ainda não aprenderam estratégias para manter uma posição estável e, por isso, novos padrões de movimento devem ser aprendidos.

Para o pesquisador, os tratamentos actuais fazem pouco mais que induzir a sonolência. Num cruzeiro, ele estava no seu quarto, a sofrer da própria situação que estuda, mas recusou-se a fazer qualquer tratamento.

“Sei que não funcionam para mim. Nem mesmo como placebo“, disse.

Fonte: RCM Pharma