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Batalha contra o zika
A população brasileira já se mostrava preocupada, mas o alerta mundial emitido na terça-feira (1 º) pela Organização Mundial da Saúde atraiu ainda mais a atenção para a epidemia do vírus zika.
No comunicado, o órgão pede que os governos se preparem para um aumento no número de ocorrências, reforçando atendimento pré-natal e neurológico. Confirma, ademais, contaminações em nove países do continente americano.
Até meses atrás praticamente restrito a ilhas do Pacífico e tido como pouco perigoso, o zika mudou de status devido ao surto de microcefalia no Brasil. No último final de semana, o Ministério da Saúde confirmou a relação entre o agente infeccioso e a escalada de registros de malformação craniana.
O boletim epidemiológico divulgado na segunda-feira (30) contava 1.248 casos suspeitos de microcefalia. De 2010 a 2014, a média anual ficou em 156 notificações.
Diante dessa explosão, Estados bastante afetados passaram a decretar situação de emergência, mulheres começaram a cancelar viagens ao Nordeste (região mais atingida), especialistas chegam a recomendar que se evite a gravidez.
Uma das explicações para reações dessa natureza está no pouco conhecimento existente sobre o vírus. O estabelecimento da ligação do zika com a microcefalia, por exemplo, é inédita na medicina.
Essa ignorância levou o secretário estadual da Saúde de São Paulo, David Uip, a compar ar a situação atual à da Aids no anos 1980. “Não sabíamos nada, fomos aprendendo no dia a dia. O zika é diferente de tudo o que vimos até hoje.“
A outra explicação decorre da primeira: por ora não existe vacina ou tratamento. Esse fato não só assusta as pessoas mas também dificulta o trabalho das autoridades sanitárias –a única maneira de conter a epidemia é pela prevenção.
Transmitido pelo mosquito Aedes aegypti (o mesmo da dengue e da chikungunya), o vírus, que já circula em 18 Estados, tende a se espraiar ainda mais nos próximos meses, quentes e chuvosos.
É necessário, portanto, aprofundar o conhecimento a respeito do zika; urgente, além disso, que prefeituras, governos estaduais e federal intensifiquem as ações preventivas – um esforço que também inclui campanhas para promover o engajamento da população, fundamental para evitar o surgimento de criadouros dentro das casas.
Fonte: Folha de S.Paulo