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Pimentas ajudam a aliviar a dor e diminuir inflamações no organismo
Comer pimenta ainda não é um hábito disseminado por todo o Brasil, mas em muitas regiões – como Norte e Nordeste – esse é um alimento indispensável à mesa. Para destacar os benefícios da pimenta e esclarecer os mitos e verdades sobre ela, o cirurgião do aparelho digestivo Fábio Atui e a agrônoma Claudia Ribeiro estiveram presentes no estúdio do Bem Estar desta quinta-feira (20).
Os especialistas falaram sobre os diferentes tipos de pimenta – malagueta, jalapeño, dedo-de-moça, biquinho, murupi – e mostraram as várias formas de preparo: em conserva, geleia, no molho, em grão ou pó.
Em geral, as pimentas têm propriedades nutritivas e fazem bem ao organismo, mas, no Brasil, o consumo é tão baixo que seus valores nutritivos não fazem tanta diferença. Em excesso, porém, a pimenta pode causar irritações na boca, no estômago e no intestino. Para se ter uma ideia em questão de quantidade, os coreanos e os tailandeses consomem cerca de 8 gramas do fruto por dia. Já os brasileiros ingerem meio grama .
É importante ressaltar que as qualidades nutricionais da pimenta também são encontradas em outras frutas e legumes, por isso o consumo dela não é obrigatório. Quem come pimenta é porque realmente gosta do sabor, e não pela questão nutricional que ela pode agregar. Mantendo uma ingestão moderada, a pimenta não representa risco ao organismo.
Como a pimenta se dissolve na gordura, o mais indicado é que se tome leite – de preferência, integral – para acabar com a ardência. A água pode ajudar momentaneamente, mas depois a ardência volta.
Comer pão também é indicado, pois ele absorve a pimenta. Além disso, ingerir algo ácido antes da pimenta pode diminuir a ardên cia. Isso porque a acidez eleva a salivação e lava as papilas salivares, aliviando essa sensação ruim.
Pimenta x hemorroida – É bastante comum as pessoas acharem que pimenta causa hemorroida, mas isso é um mito. O que a pimenta faz é irritar o problema que já existe, portanto, se o indivíduo tem hemorroida ou uma fissura na região anal, quando a pimenta passar por ali vai arder. Porém, se a pessoa não tiver nada, não vai sentir esse efeito.
Propriedades nutricionais – As pimentas do gênero Capsicum são ricas em vitaminas C e E. As pimentas também são fontes de pró-vitamina A, como alfacaroteno, betacaroteno, gamacaroteno e betacriptoxantina, que são transformadas em vitamina A no fígado.
Todas as variedades de pimentas contêm pouca caloria: entre 22 kcal e 105 kcal em 100 gramas de pimentas maduras.
Por que o brasileiro come pouco? – O brasileiro ainda come pouca pimenta, primeiro pelo hábito alimentar, porque a pimenta mascara o sabor dos alimentos. Além disso, de maneira geral, gostamos de sentir o gosto da comida e não tanto do tempero.
Ainda falta conhecimento da população sobre as pimentas, pois muitos acham que elas podem causar problemas de saúde.
Pungência – O fascínio exercido pelas pimentas em seus admiradores pode ser explicado pela sensação de prazer que a ingestão desse condimento proporciona ao organismo, após a “queimação” sentida na boca. Esse ardor é provocado por substâncias alc aloides denominadas capsaicinoides, exclusivos das pimentas do gênero Capsicum.
A pungência é o ardor, o “picante” da pimenta, sua principal característica. Os princípios pungentes são produzidos em glândulas localizadas na placenta dos frutos (onde ficam as sementes), não na polpa ou dentro das sementes.
O nível de pungência de uma pimenta é expresso por uma escala conhecida como SHU (Unidades de Calor Scoville), e os valores variam de zero a mais de 300 mil. Essa propriedade do fruto pode determinar seu destino, como uso em molhos, geleia, pó, etc.
A pimenta-de-cheiro (varia em relação ao ardor de zero a 100 mil) e a biquinho (zero) são as mais suaves e doces. As recordistas brasileiras em pungência são a pimenta-murupi (223 mil) e a cumari-do-Pará (210 mil).
Lado bom – De acordo com estudos, a pimenta tem muitos benefícios para o organismo. Ela é termogênica, acelera o metabolismo, mas não se pode afirmar que emagrece. Também possui ação anti-inflamatória, ou seja, pode amenizar a dor de algumas doenças, como a fibromialgia, que é uma dor muscular generalizada.
A pimenta ainda impede ou combate a formação e o desenvolvimento de tumores (assim como o brócolis e o tomate), é antioxidante e melhora o fluxo sanguíneo. O fruto também tem bastante vitamina e, geralmente, os mais ardidos são os que mais concentram essa propriedade, porque depende da presença de capsaicina.
Lado ruim – Por outro lado, as pimentas muito ardidas podem causar inflamação e agressão ao aparelho digestivo. Na boca, os tecidos ficam irritados e, por isso, há a ardência. Com o consumo em excesso de pimentas fortes, pode ocorrer uma gastrit e química (quando há presença de uma substância no estômago que leva à irritação), mas isso não é comum porque não temos a cultura de consumir tanta pimenta assim.
Além disso, quando se ingere algo muito apimentado, a água da parede do intestino se solta, o que faz as fezes ficarem mais líquidas, mas isso não é comum.
Fonte: G1