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Anti-HPV: reação pode ser efeito psicológico
O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, disse on tem ao GLOBO que o Ministério da Saúde decidiu reter a parte do lote de vacinas anti-HPV que registrou reações adversas em cinco adolescente s de Porto Alegre na segunda-feira por precaução.
Barbosa afirmou que reações adversas são previstas e esperadas, mas estranhou a concentração do fenômeno: três das cinco meninas receberam a primeira dose na mesma escola, que o secretário não quis revelar.
— Como não há registro de sintomas adversos em outros locais, a hipótese de efeito coletivo psicológico fala muito alto — disse o secretário.
Barbosa contou que as vacinas anti-HPV têm três selos de qualidade: do laboratório fabricante, dos testes de laboratório que são realizados e da vigilância pósvenda, que acompanha a o corrência de adventos incomuns após a aplicação.
As vacinas já foram substituídas e a campanha segue normalmente.
Segundo o secretário, as vacinas do mesmo lote que foram para outros estados não registraram nenhum problema:
— Cada lote chega a ter um milhão de vacinas, e estamos falando numa parte de 89 mil doses.
Nossa hipótese é de que possa ter havido o que se chama de efeito coletivo psicológico.
Isso já foi relatado em outros países onde a vacina foi aplicada e também com outros medicamentos preventivos, não só com a anti-HPV.
Barbosa considera pouco provável uma reação alérgica que, segundo ele, jamais foi descrita em outros locais do mundo:
— Nada impede que o Brasil seja o primeiro país a registrar esse efeito, mas é pouco provável que haja três pessoas alérgicas a esse tipo de elemento num universo relativamente pequeno de população.
Em todo caso, estamos investigando.
A crise convulsiva sofrida por uma adolescente em Veranópolis e sua relação com a vacina está sendo apurada pelo ministério:
— O que posso dizer é que existe um estudo internacional com 600 mil amostras que não percebeu diferenças percentuais de crises convulsivas entre populações vacinadas e não vacinadas.
Ou seja, teoricamente as crises são indiferentes à aplicação do medicamento.
Um parecer do próprio ministério, em 2011, não recomendava a inclusão da anti-HPV no calendário de vacinação, mas houve uma mudança de orientação determinada pelo custo.
— A situação se alterou muito de lá para cá.
O custo un itário de uma dose estava em US$ 150 logo que a vacina surgiu, por volta de 2007.
Em 2011, fizemos um estudo de custo-oportunidade, coordenado pela USP, e chegamos à conclusão de que poderíamos incluir no calendário a US$ 15 por dose.
Esse é o preço do contrato com a Merck, incluindo transferência de tecnologia.
São 15 milhões de doses em 2014.
É o menor preço do mundo e que vai decrescer à medida que o contrato avance.
Daqui a cinco anos, a dose estará custando no máximo US$ 9.
Fonte: O Globo