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Economia aquecida favorece consolidação no varejo
ABRAFARMA
A recente deterioração no humor do mercado financeiro internacional e as dificuldades no plano fiscal e de confiança enfrentadas por algumas grandes economias, como Estados Unidos, Espanha e Itália, trouxeram dúvidas em relação às perspectivas de curto prazo da economia e do consumo brasileiros me, consequentemente, das vendas do varejo. Curiosamente, na mesma semana na qual o governo anunciou revisão nas projeções de crescimento do PIB brasileiro para 2011, sinalizando que poderá ficar abaixo dos 4%, houve a divulgação de diversos dados positivos do mercado de trabalho. Em julho a taxa de desemprego voltou a cair?para 6%?a renda média cresceu 13% sobre o ano passado e a participação de trabalhadores com carteira assinada sobre o total de pessoas empregadas voltou a crescer?para 53%. O crescimento acumulado nas vendas do varejo brasileiro até junho foi de 7,3% sobre 2010. Os balanços do segundo trimestre, publicados pelas empresas mostram forte crescimento em vendas absolutas e em lojas comparáveis, como Magazine Luiza (+37% e +14,4%), Arezzo (+21%), Marisa (+25% e +10,8%) e Grupo Pão de Açúcar (+10% e +9,3%).
A confiança dos consumidores, que teve seu menor nível em outubro de 2008, recuperou-se, atingiu o pico histórico em novembro de 2010 e segue em patamar elevado. As transformações vividas pelo Brasil em seu passado recente fizeram com que a Classe C passasse de 36% das famílias em 2002 para 49,3% em 2011, o que impulsionou o nível de consumo interno. Em 2008/2009, apesar da crise internacional, o consumo e as vendas do varejo no Brasil continuaram crescendo.
Em 2009, enquanto o PIB teve desempenho negativo (-0,2%), o consumo das famílias aumentou 4,1% e as vendas no varejo 5,9%. Desde 2004 o varejo brasileiro apresenta desempenho vigoroso, tendo apresentado crescimento real de 10,3% em 2010.
As movimentações no setor de farmácias revelam o grau de otimismo e agressividade de varejistas, impulsionadas por fatores como substituição tributária e expansão de redes regionais.
As recentes movimentações no setor de farmácias revelam o grau de otimismo e agressividade das empresas de varejo. O setor vem sendo transformado a partir de diversos fatores: implantação de substituição tributária, que nivela o tratamento tributário e aumenta competitividade de grandes redes; expansão de redes regionais para novos mercados; aumento de concentração por aquisições e fusões, como Brazil Pharma com Farmais, Drogasil/ Droga Raia e Drogaria São Paulo/Pacheco. Esse segmento continua sendo um dos mais fragmentados, mas vem aumentando o nível de concentração. A participação dos cinco maiores operadores em 2010 era de apenas 17,7% do mercado total e, com as fusões recentes, os quatro maiores já detêm mais de 20%.
A possível abertura de capital da Pague Menos e novos movimentos de fusões e aquisições devem levar ao aumento da concentração e ao surgimento de redes com abrangência nacional. Portanto, caso o cenário internacional se estabilize e não ocorra um colapso, é provável que o varejo brasileiro possa alcançar crescimento de vendas no ano próximo a 6%. Deve haver desaceleração, com maior impacto nos segmentos de bens duráveis e produtos de telecomunicações e digitais ? que vinham apresentando maior crescimento. Para o médio prazo, permanece a perspectiva de um mercado sólido, em crescimento, com maior entrada de operadores internacionais, aumento de concentração, crescente formalização e oportunidades em todos os segmentos e regiões.