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Nova tecnologia não invasiva para exame do fígado já está em testes
Bauru - Uma parceria entre o setor público e uma empresa privada permitiu o acesso de pacientes da rede pública de saúde à tecnologia de ponta para avaliação hepática. Trata-se do aparelho Fibroscan.
O Fibroscan é um equipamento não invasivo de avaliação de fibrose hepática - lesão do fígado causada pela agressão dos vírus da hepatite B e C. A rodada de exames gratuita foi viabilizada por meio da parceria entre o Serviço de Ambulatórios Especializados de Infectologia (SAE), vinculado à Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp, administrado e mantido pela Famesp, e a Janssen, indústria farmacêutica que patrocinou o encaminhamento do aparelho e de uma equipe médica especializada para manuseio e realização dos testes. Ao todo, 15 pacientes que realizam o tratamento na unidade passaram pelo novo exame gratuitamente.
Alternativa à biópsia
O equipamento é uma alternativa ao método tradicional de biópsia hepática, técnica invasiva para recolhimento de um pequeno pedaço do fígado para análise. Semelhante a um transdutor de ultrassonografia, o Fibroscan faz uma medição de ondas emitidas entre dois pontos do fígado e, pela sua intensidade, avalia o grau de fibrose do órgão. Entre as vantagens do novo equipamento estão o baixo custo operacional, permitindo repetição de acordo com indicação médica; tempo de exame, de apenas cinco minutos; indolor e sem riscos. E, melhor, pode ser realizado no consultório.
Parceria essencial
O diretor do serviço de Ambulatórios Especializados, o médico infectologista Alexandre Naime Barbosa, disse que a parceria com a indústria farmacêutica é essencial para garantir o acesso dos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) a tecnologias de ponta, que sempre são muito caras. Novas rodadas de exames já estão sendo agendadas para o primeiro semestre de 2015. No futuro, segundo o especialista, já há projetos que têm a intenção de viabilizar a aquisição permanente desse aparelho.
O valor de mercado do Fibroscan não é muito caro, cerca de R$ 700 mil. E o aparelho também pode ser utilizado para o acompanhamento de pacientes de transplante de fígado. A hepatite C pode acometer o indivíduo novamente, mesmo após a troca do órgão. Para esses casos, a avaliação frequente do fígado é fundamental.
Pacientes aprovam
O aposentado José Ferrari, 73 anos, fez a avaliação hepática com o novo equipamento pela segunda vez. “É ótimo, é o segundo exame que faço. É colocar o aparelho e, em cinco minutos, está pronto“, explica. Para ele, o exame tradicional é doloroso e ter outra opção é um grande avanço. Anísio de Arruda Castro, 61 anos, é paciente do serviço especializado há sete anos e também submeteu-se à avaliação da fibrose do fígado por meio do Fibroscan. Portador de hepatite C e com sequelas de queimaduras pelo corpo decorrentes de um acidente, Anísio destaca que o novo método é uma conquista. “Minha última tentativa de biópsia doeu muito (em razão das queimaduras pelo corpo). Esse exame menos dolorido é bom pra todos, não só pra mim“, ressalta.
Hepatite C
Cerca de 3% da população mundial (170 milhões de pessoas) sofrem de infecção crônica pelo vírus da hepatite C (HCV) e 3 a 4 milhões de novas infecções ocorrem a cada ano. A hepatite C crônica é a principal causa de cirrose e câncer hepático, que podem levar à insuficiência hepática e óbito.
A maior proporção de casos de hepatite C confirmados entre 1999 e 2010 é de pessoas na faixa de 40 a 59 anos - 54,4% dos registros. Essa faixa é seguida pela de 50 a 59 anos, e pelo grupo de 40 a 49 anos.
O Brasil, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é considerado um país com prevalência intermediária, entre 2,5% e 10% da população. Os fatores de risco mais relevantes são o uso de drogas injetáveis e drogas inaladas. Foram confirmados no Brasil 70 mil casos de hepatite C entre 1999 a 2010, a maioria nas regiões Sudeste e Sul.
Fonte: DCI