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Automaquiagem ajuda pacientes de câncer a lidarem com a doença
RIO - Em decorrência do tratamento quimioterápico e de seus efeitos agressivos, muitas mulheres com diagnóstico de câncer sentem sua feminilidade fragilizada. Mudanças físicas como a alopecia, ou seja, a redução de pelos e cabelos, acabam minando a autoestima das pacientes. No entanto, o investimento na aparência durante a doença não deve ser deixado de lado, e alguns projetos com essa preocupação surgem cada vez mais, como é o caso do “Dia da Beleza“ da Salus Oncologia.
Na unidade da clínica do Flamengo, consultoras da marca Mary Kay se organizam para proporcionar aulas de automaquiagem gratuitas para pacientes em tratamento de câncer.
- A autoimagem é fundamental, já que ela se liga com a estrutura psicológica, o que vai ser fundamental na recuperação e no prognóstico da doença - afirma a psicóloga Márcia Parga, especialista em oncologia, que trabalha em parceria com a Salus.
Ela complementa, ainda, que é importante para o amparo ao paciente oncológico que ele reconheça os seus pontos positivos e aceite os seus limites.
A paciente Kátia Maria da Cunha luta contra o câncer de mama e confirma a melhora da autoestima desde quando começou a participar da iniciativa.
- Com o tratamento, você fica mais abatida. Perde a sobrancelha, os cílios, o cabelo. A maquiagem melhora. Você se valoriza de novo - conta.
A partir do manuseio de pinceis, batons, sombras, pó e blush, as mulheres aprendem técnicas que ensinam desde a criar uma sobrancelha com lápis até cuidar do ressecamento dos lábios, das mãos e de outras partes do corpo, após terem passado por sessões de tratamento.
- É a vida chegando em uma hora que está tudo muito centrado – a perda, o luto, o medo, a angústia. Naquele mo mento que elas participam das aulas, elas refletem: \'Eu ainda sou mulher como qualquer outra mulher\' - explica a psicóloga.
Kátia diz ainda que antes não tinha o hábito de se maquiar e que sempre foi mais ligada a esportes, mas agora se distrai com os diferentes tons à disposição.
- A gente aprende a dar uma cor à pele, que fica amarelada com o tratamento - expõe.
De modo a manter o vínculo com a família e com os amigos na lida diária com a doença, as acompanhantes dos pacientes também podem se envolver nos workshops. O serviço se estende aos homens, mas, para Márcia Parga, ainda há resistência em participar.
- Na nossa cultura, cuidar da beleza ainda é uma questão complicada para o sexo masculino, então nossa forma de chegar a esses pacientes tem que ser um pouco diferente - diz.
Fonte: Portal O Globo