Dilma em Cuba discute as relações comerciais

 ( Brasil Econômico )

 

 A presidente Dilma Rousseff viajou ontem para Cuba, em uma visita que durará menos de 48 horas, com uma agenda basicamente econômica e de cooperação, embora não esteja isenta do espinhoso tema dos direitos humanos. A visita, no âmbito de um giro que também a levará ao Haiti, significa uma continuidade na aproximação bilateral iniciada por Lula. Essa é a primeira visita de Dilma aos dois países como presidente.

 


Precedida por uma visita do chanceler brasileiro Antonio Patriota, há 15 dias, sua presença em Havana busca “aprofundar o crescente diálogo e cooperação bilateral, com ênfase na agenda econômica”, indicou a chancelaria brasileira.


Ela se reúne hoje com o presidente cubano Raúl Castro no Palácio da Revolução. Embora não esteja no programa, Dilma pode ter um encontro também com Fidel Castro, de 85 anos, afastado do poder desde 2006 por motivos de doença, em virtude da proximidade do pai da revolução cubana com Lula, assim como pela própria trajetória de Dilma, ex-guerrilheira de esquerda que foi presa e torturada sob a ditadura brasileira (1964-1985).


A presidente brasileira desembarca em Cuba quando ambos os países acabam de registrar seu melhor ano comercial. Pelos dados do governo do Brasil, o comércio entre os dois países apresentou valor recorde em 2011, com um total negociado de US$ 642 milhões — 31% a mais do que em 2010 —, o que consolida o Brasil como o segundo sócio latino-americano de Cuba, depois da Venezuela. Deste valor, US$ 550 milhões correspondem às exportações brasileiras à ilha, uma balança muito desequilibrada, que ambas as partes querem corrigir.

Segundo fontes brasileiras, existe a possibilidade de se concretizar um acordo de produção conjunta de medicamentos genéricos, para os quais Cuba desenvolveu tecnologia e o Brasil é um mercado atraente.


Apesar da abertura de Cuba ao capital estrangeiro, o único investimento conjunto é a fábrica de cigarros BrasCuba, com mais de 15 anos de funcionamento.


Sob o mandato de Lula, a Petrobras abriu um escritório em Cuba e fechou com a cubana Cupet um contrato para a prospecção e exploração de petróleo na Zona Econômica de Cuba no Golfo do México, mas depois se retirou, após a descoberta de grandes jazidas no Brasil.
A chegada de Dilma coincide com o início das perfurações nesta região, a cargo da companhia espanhola Repsol.


Espera-se também que a presidente visite as obras de ampliação e modernização do Porto do Mariel, 50 km a oeste de Havana, para as quais Brasília aprovou um crédito de US$ 450 milhões para obras de infraestrutura, executadas pela Odebrecht com construtoras cubanas. Este porto, visitado por Lula no início das obras e pelo chanceler Antonio Patriota, há 15 dias, é a obra de infraestrutura mais importante realizada pelo governo de Raúl Castro, e deverá contar em 10 anos com um terminal de contêineres, armazéns, uma zona industrial e um porto petroleiro.


Dilma chega a Cuba no momento em que Raúl Castro promove reformas econômicas aprovadas em abril de 2011 pelo 4º Congresso do Partido Comunista (único), que neste fim de semana realizou uma inédita Conferência Nacional para se modernizar, mas sem abandonar o monopólio do poder.


Dilma partirá na quarta-feira ao Haiti, onde o Brasil lidera a missão dos membros das forças de paz ONU.