Governo muda tratamento para derrame

( Folha de S.Paulo )

Jornalista: JOHANNA NUBLAT

 O Ministério da Saúde vai mudar a forma como o AVC (acidente vascular cerebral, o chamado derrame) é tratado na rede pública do país.


A mudança está desenhada em três linhas principais, segundo disse à Folha o ministro da Saúde, Alexandre Padilha: formação de equipes especiais nos hospitais, ampliação da distribuição de um medicamento específico (trombolítico) e atendimento domiciliar na esfera do SUS.


Para reduzir o impacto do AVC - primeira causa de morte e incapacidade no Brasil-, o ministério promete investir R$ 440 milhões até 2014 em equipes e no medicamento.
A proposta, escrita pelo governo e por especialistas, deve entrar em consulta pública hoje, dia mundial do AVC.


Novos 1.225 leitos para vitimas de derrame deverão ser criados nos próximos quatro anos em 151 municípios. A criação de unidades especializadas será incentivada.


Em vez de credenciar leitos isolados, a gente credencia serviços que façam essas enfermarias, no padrão UTI, afirmou o ministro.


No hospital, o paciente terá acesso a um trombolítico, remédio que dissolve o coágulo, explica Elza Dias Tosta, presidente da Academia Brasileira de Neurologia.


A droga é usada nos casos de AVC isquêmico, em que o coágulo fecha uma artéria e impede o sangue de chegar às células nervosas.


Se usado rapidamente, o remédio evita mortes e sequelas, segundo a médica.


Outra mudança será o atendimento domiciliar de pacientes com risco de AVC ou que já

tenham sido vítimas do derrame. Uma portaria publicada ontem estipulou regras para a oferta do atendimento domiciliar -destinado, por exemplo, a municípios com população igual ou superior a 100 mil ou em área metropolitana com 40 mil a 100 mil habitantes.


Outras duas vertentes importantes da mudança, afirma Tosta, são o enfoque dado à prevenção e o incentivo para que o SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) faça o primeiro atendimento da vítima do AVC e a encaminhe para unidades-referência na área.