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Anvisa aprova nova indicação de medicamento para câncer de pulmão
O tratamento de pacientes com câncer de pulmão “de não pequenas células”, o tipo histológico mais comum, e com um tipo específico de mutação, acaba de ganhar um grande aliado. O medicamento oral cloridrato de erlotinibe (Tarceva®) amplia a sobrevida e o tempo sem progressão da doença.
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou a indicação do medicamento oral cloridrato de erlotinibe (Tarceva®) para os casos avançados do câncer de pulmão do tipo não pequenas células, como primeira linha de tratamento para pacientes com mutações ativadoras da proteína EGFR (Receptor do Fator de Crescimento Epidérmico). A aprovação segue a decisão de setembro deste ano da Agência Europeia de Medicina (EMA) que se baseou nos resultados de um estudo conduzido em alguns países da Europa.
A Roche desenvolve o conceito de “medicina personalizada” em que os medicamentos são produzidos para agir em pacientes com perfil genético específico. Nos casos de câncer de pulmão, o cloridrato de erlotinibe bloqueia a ação da proteína EGFR mutada associada à divisão celular e à progressão tumoral. Estima-se que 8 a 17% dos pacientes com câncer de pulmão não-pequenas células carreguem esta proteína mutada.
Em 2010, o estudo europeu EURTAC – o primeiro a investigar a ação do cloridrato de erlotinibe em uma população ocidental com mutações ativadoras da proteína EGFR – constatou que o medicamento, quando comparado com o tratamento quimioterápico, quase dobrou o tempo médio de sobrevida sem a progressão de doença, passando de 5,2 meses para 9,4 meses. Em relação à sobrevida média global, elevou de 18,8 meses para 22,9 meses e, de 10,5% para 54,5%, a taxa de resposta tumoral. Participaram de estudo 153 pacientes.
“Para os pacientes, a maior vantagem do cloridrato de erlotinibe não está apenas na sobrevida e na capacidade de estacionar a doença por um período, mas de eles deixarem de receber a quimioterapia tradicional que provoca muitos efeitos adversos”, aponta o médico Artur Katz, coordenador do Centro de Oncologia do Hospital Sírio Libanês.
A oncologista do Inca (Instituto Nacional do Câncer), Clarissa Baldotto, também considera a aprovação da indicação de primeira linha do cloridrato de erlotinibe um avanço para os pacientes, principalmente para aqueles com o marcador genético EGFR mutado. “Trata-se de um medicamento menos tóxico e de boa aceitação para estes pacientes que tinham poucas opções terapêuticas”, comenta a médica.
O EGFR em câncer de pulmão - Quando o fator de crescimento epidérmico (EGF) se liga ao seu receptor mutado EGFR, localizado na membrana celular, ocorre uma série de ativações de outras proteínas intracelulares, responsáveis pela aceleração do crescimento e divisão celular.
O cloridrato de erlotinibe bloqueia a ação desta proteína ligada ao crescimento celular e ao desenvolvimento de metástase.
O Inca (Instituto Nacional do Câncer) prevê que, em 2012, o Brasil terá cerca de 17 mil novos casos de câncer de pulmão.
Fonte:
Fator Brasil