Um em cada 100 brasileiros pode ser portador de espondiloartrite, alerta Sociedade Brasileira de Reumatologia

 A dor lombar prolongada, por mais de três meses, é um dos principais sintomas da doença, diz especialista. De caráter inflamatório, acomete principalmente os homens jovens, brancos, com menos de 45 anos.

São Paulo -Dores persistentes na coluna, que surgem de modo lento ou insidioso durante semanas e duram mais que três meses, associadas à rig idez da coluna logo pela manhã e que melhoram com o movimento ou exercícios e pioram durante o repouso e à noite, caracterizam as dores inflamatórias da coluna e podem ser os primeiros sinais de uma espondiloartrite ( EpA), um grupo de doenças inflamatórias, que afeta a coluna vertebral e também as articulações periféricas. Uma das doenças mais conhecidas desse grupo é a Espondilite Anquilosante, que acomete principalmente os homens jovens, brancos, com menos de 45 anos.

No início, a Espondilite Anquilosante costuma causar dor nas nádegas e no segmento inferior da coluna, podendo se espalhar pela parte de trás das coxas. Essa dor tem origem nas articulações sacroilíacas, situadas no centro das nádegas. Estas dores costumam se estender progressivamente por toda a coluna vertebral, afetando desde a coluna lombar até a cervical, levando a uma intensa rigidez na mobilidade do paciente. Esta inflamação também pode acometer as articulações entre as costelas e a coluna vertebral, causando dor no peito, que piora com a respiração profunda.

Outras articulações também podem ser acometidas, como os quadris, ombros, joelhos e tornozelos. Uma manifestação articular frequente é a entesite, uma inflamação na junção de um ligamento no osso, tendo como exemplo inflamação do tendão de Aquiles.

“Embora as manifestações de coluna sejam as mais comuns e prevalentes, não são as únicas que podem designar a patologia. As Espondiloartites podem ter apresentações axiais (de coluna), periféricas (que acometem as articulações dos braços e pernas) e extra-articulares, como as uveítes (que atingem os olhos), a pele (associadas à psoríase) e as intestinais (as doenças inflamatórias intestinais). A suspeita clínica é muito importante para o diagnóstico precoce, já que no primeiro ano de manifestação 2 em cada 3 casos de suspe ita de doença não apresentam alterações em exames radiológicos e poderão necessitar de uma ressonância magnética para confirmar o diagnóstico”, explica o reumatologista Percival Degrava Sampaio Barros, coordenador do Registro Brasileiro de Espondiloartrites (RBE) da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR).

Quando as Espondiloartrites atingem os olhos, causam as chamadas uveítes, uma causa importante de olho vermelho. Um em cada cinco pacientes pode apresentar olhos avermelhados e doloridos, o que deve ser reportado ao médico o mais rapidamente possível, para não ocorrer um dano permanente na visão. A confirmação diagnóstica da uveíte deve ser feita por um oftalmologista. Alguns casos de espondiloartrite podem ter a uveíte como primeira manifestação da doença. A psoríase, doença de pele que pode afetar 1 a 2% da população, sendo caracterizada por lesões avermelhadas, com coceira descamação, pode apresentar acometimento articular característico de uma Espondiloartrite em 10 a 20 % dos pacientes. O mesmo pode ocorrer com as doenças inflamatórias intestinais, como a Doença de Chron ou a retocolite ulcerativa.

O Diagnóstico – É feito pelo conjunto de sintomas (dor nas nádegas, dor nas costas e nas articulações periféricas), pelo exame físico (avaliando as estruturas articulares e extra-articulares), e pelos exames de imagem (raios-x, tomografia computadorizada ou ressonância magnética) da bacia, da coluna e das juntas afetadas. Acredita-se que cerca de 1% da população apresente uma das doenças dentro do espectro das Espondiloartrites.

Tratamento – Ainda não há cura para as Espondiloartrites. Mas é importante que o paciente saiba que o tratamento deverá ser por tempo prolongado e que os sintomas da doença costumam ficar mais brandos conforme a idade a vança. O tratamento engloba o uso de medicamentos e a fisioterapia. A correção postural e os exercícios devem ser adaptados a cada paciente e têm como objetivo principal melhorar a mobilidade da coluna, onde essa estiver diminuída, permitindo ao paciente ter uma vida social e profissional normal.

Analgésicos para aliviar a dor e relaxantes musculares são alguns dos medicamentos utilizados no tratamento da doença. Existem estudos indicando que o uso contínuo de antiinflamatórios não-hormonais pode reduzir a progressão radiológica das Espondiloartrites, razão pela qual estes medicamentos são considerados modificadores de doença.

Passada a fase aguda da doença, um número significativo de pa cientes pode não necessitar de medicação contínua, mantendo um programa regular de exercícios e faz endo uso das medicações sintomáticas em caso de reaparecimento dos sintomas.
Terapias biológicas - Segundo o especialista, as terapias biológicas representam um significativo avanço no tratamento dos portadores que não responderam ao tratamento convencional. “A terapia biológica consiste em injeções subcutâneas ou intravenosas de medicações que combatem a dor, a inflamação e as alterações da imunidade nas doenças acima mencionadas”, explica Dr. Percival Degrava Sampaio Barros.

Os agentes biológicos são constituídos por anticorpos monoclonais, proteínas de fusão celular, anti-interleucinas e bloqueadores da coestimulação do linfócito T, que se comportam como verdadeiros míssei s teleguiados que inativam, com precisão e segurança, determinados alvos constituídos por células, citocinas e mediadores imunes presentes de forma anormal na circulação dos portadores das Espondiloartrites.
A Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) disponibiliza na internet uma cartilha com foco no esclarecimento e orientação sobre a doença Espondilite Anquilosante, com linguagem simples e informativa para leigos.
.[O material para download se encontra em: http://www.reumatologia.org.br].

O que é Reumatologia? É a especialidade médica que estuda, diagnostica e trata uma série de moléstias relacionadas ao compromet imento do sistema músculo-esquelético e dos tecidos conjuntivos podendo ser subdividida em outras áreas de atuação como: doenças difusas do tecido conjuntivo, vasculites sistêmicas, espondiloartrites, doenças osteometabólicas, degenerativas, articulares causadas por microcristais, artropatias reativas, reumáticas associadas a processos infecciosos, reumatismos extra-articulares, artrites intermitentes e artropatias secundárias a outras enfermidades não reumáticas.

Fonte: Revista Fator Brasil