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Foco no paciente pode mudar a farmácia, dizem especialistas
Junte um pesquisador americano, uma farmacêutica hospitalar, outra farmacêutica comunitária e uma professora-doutora da USP. Adicione à mistura um contador de histórias profissional, cuja própria vida renderia um filme. Foi esta a receita de sucesso do XV Encontro Paulista de Farmacêuticos, realizado terça-feira, dia 20, no auditório da Universidade Paulista, na capital, atraindo mais de 500 participantes. Meticulosamente montado, o time discorreu sob diversos aspectos sobre a necessidade de farmacêuticos voltarem o foco para aquele que, segundo os especialistas, é a razão de ser do profissional - o paciente - e que a aproximação dos profissionais à comunidade onde estão inseridos pode transformar a prática da farmácia no Brasil.
Quando a equipe do CRF-SP começou a pensar no tema do Encontro, um desafio foi lançado: mostrar o quanto a aproximação do farmacêutico com o paciente faz a diferença no tratamento. Junto a essa demanda estava também um momento muito especial, já que o Encontro aconteceria logo após a aprovação histórica da lei 13.021/14. Assim, nasceu o seminário “Superando desafios: o farmacêutico e o cuidado ao paciente”.
Logo na abertura, a diretoria do CRF-SP, representada pela dra. Priscila Dejuste, dr. Marcos Machado e dr. Pedro Menegasso, destacou o Dia do Farmacêutico e o momento importante pelo qual passa a profissão.
O presidente do CRF-SP revelou uma surpresa aos profissionais do Estado de São Paulo. Agora, por meio do Programa de Assistência ao Farmacêutico – Empresa, todos os descontos e benefícios em serviços e produtos já disponibilizados aos farmacêuticos, também estão à disposição das empresas de propriedade de farmacêuticos. “O CRF-SP apoia o farmacêutico empreendedor, que teve a coragem de investir em um negócio próprio. Confira as facilidadeshttp://paf.crfsp.org.br.
Experiência internacional
Se no Brasil já existe, há alguns anos, a preocupação com a resistência bacteriana, o norte-americano Douglas Slain alertou que o problema é mundial e o farmacêutico tem responsabilidade não apenas no ambiente hospitalar, mas também junto à comunidade.
Entre as doenças mais responsáveis por internações estão as infecções respiratórias como pneumonias e faringites associadas a bactérias, infecções urinárias, de pele e de tecido mole. “É muito difícil desenvolver uma terapia apropriada ou eficaz com antibióticos. Por falta de informação rápida ou diagnósticos mal feitos, não é possível saber o tipo de bactéria e, assim, escolher o melhor tratamento”.
Os agronegócios também são grandes responsáveis pelo aumento da resistência bacteriana. Quanto mais a sociedade exige frangos, peixes e porcos de tamanhos maiores, mais os produtores abusam dos antibióticos misturados à ração, à água dos rios, e tudo acaba no organismo do ser humano. “O Brasil está de parabéns por ser o país que menos utiliza antibióticos na América do Sul, mas é possível melhorar ainda mais”.
Painel
O debate também abordou as áreas da Farmácia Hospitalar, Farmácia Comunitária e Educação farmacêutica com foco na atuação clínica. Dra. Nathália Ferraz ressaltou a necessidade de o farmacêutico conhecer o hospital, a equipe multidisciplinar e o paciente que atende. “É p reci so avaliá-los e se especializar no que eles precisam desde a admissão até alta médica“.
De Sergipe, veio a experiência da dra. Maria de Fátima Cardoso, que falou da implantação da assistência farmacêutica naquele Estado.
A formação do farmacêutico, assim como a atuação, passou por diversas fases. Dra. Silvia Storpirtis apresentou como o histórico da profissão apresenta um distanciamento entre o farmacêutico e a população ao longo dos anos.
“Hoje, o que estamos discutindo são os mecanismos para inserir o farmacêutico na equipe multidisciplinar de saúde e aproximá-los novamente do paciente“.
Nesse sentido, o ensino em alguns países já passa a ter essas características. No Canadá, por exemplo, as faculdades de Farmácia quase não têm mais laboratórios, pois os alunos estão onde o paciente está.
Contador de história
“Nunca perca a oportunidade de fazer seu comercial. Se você não falar bem de você mesmo, ninguém vai falar”. A dica é do pedagogo Roberto Carlos Ramos, inspirador do filme “O contador de história” que ministrou a palestra Superando Desafios com Ética no XV Encontro Paulista de Farmacêuticos.
O contador abordou as diferenças entre os dois tipos de seres humanos: aqueles que choram e aqueles que vendem lenços. “Você pode reclamar da profis são, da vida, do salário, ou pode vestir a camisa da vida e ir atrás de seus sonhos”.
O garoto que fugiu da Febem de Minas Gerais 132 vezes, que com 13 anos não sabia ler e nem escrever, com 19 anos estava entrando na faculdade. Otimista, o pedagogo acredita que a força da palavra pode mudar a realidade e que todo profissional, independentemente qual seja, tem escolher entre ser extraordinário ou medíocre.
Roberto Carlos teve uma oportunidade, fez de contador de história sua profissão e, hoje, assim como fizeram com ele, adotou 25 crianças.
Carlos Nascimento, Mônica Neri e Thais Noronha
Assessoria de Comunicação CRF-SP