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Entidades do varejo criticam decisão do Banco Central de elevar a Selic
O aumento de 0,25 ponto percentual na Selic, o quinto consecutivo, que elevou a taxa básica de juro para 12,50% ao ano, joga para o setor produtivo grande parte da pressão para conter a inflação e o crescimento excessivo do país, na avaliação das entidades do setor.
O varejo já sentia os efeitos da elevação da Selic desde outubro do ano passado, quando o Banco Central (BC) iniciou o ciclo de elevação da taxa básica de juros, e esse impacto foi agravado pelas medidas macroprudenciais adotadas para frear o consumo, diz Fabio Pina, assessor técnico da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio).
“É um erro grosseiro tentar segurar a inflação diretamente pela demanda. Se pegarmos o setor de automóveis, por exemplo, veremos que ele bateu recorde de vendas mesmo com as medidas de contenção de crédito. O BC sabe disso e, na verdade, faz uma maldade ao tentar segurar em vários setores internos uma pressão que vem de fora”, avalia Pina.
O assessor técnico da Fecomercio ressalta que este aumento da Selic impacta o setor em duas pontas, porque de um lado o varejista é afetado como empresário, “pois paga mais juro sobre o capital de giro”, especialmente o pequeno varejo, e por outro é afetado pelo menor poder e intenção de compra dos consumidores. “Na prática, com o aumento de 0,25% [na Selic] o BC está ampliando a pressão sobre o setor produtivo”, afirma Pina.
Para Carlos Tadeu de Freitas, economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o aumento da Selic influencia negativamente o varejo, ao reduzir a propensão de as pessoas consumirem e o custo dos empréstimos tomados pelo comércio.
“A primeira influência, a médio prazo, é que com o BC dizendo que vai aumentar [a Selic] aumentam os juros futuros, e com isso aumentam os juros dos empréstimos que os bancos cobram não só do consumidor, mas dos varejistas também”.
Entretanto, Freitas destaca que no curto prazo o comércio responde prioritariamente a outros fatores. “O comércio responde mais a câmbio, prazo e preço, e também ao fato de que a renda real ainda está favorável. E o aumento do salário mínimo no ano que vem vai ajudar o comércio.”
Rogério Amato, presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), disse que, apesar de não surpreender ninguém, a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária do BC) não foi a mais correta diante de um “cenário externo de incertezas” e da trajetória recente da inflação.
“A taxa Selic deveria ter sido mantida, mesmo que fosse com viés de alta, pois já está muito elevada e seu impacto vem se fazendo sentir mais na produção do que no consumo”, disse Amato.
Fonte: Febrafar