Mini-hospital vai atender menores viciados em drogas

  ( Folha de S.Paulo )

 

 O combate ao crescente número de crianças e adolescentes que se viciam em drogas vai ganhar um reforço em Ribeirão Preto. A cidade será sede de uma enfermaria exclusiva, uma espécie de mini-hospital, para internar pacientes nessa faixa etária. 

A clínica terá 40 leitos de internação. A ausência de um local próprio para tratar menores de idade dependentes químicos provocou o envolvimento do Ministério Público Estadual. 

A Promotoria cobra das prefeituras e do Estado uma solução para o problema e não descarta entrar com uma ação judicial (leia texto nesta página). 

A Prefeitura de Ribeirão e a Secretaria de Estado da Saúde estudam como será o gerenciamento da unidade. 

Uma das propostas, feita pela prefeitura, é a de o município alugar um prédio -os leitos seriam pagos com recursos do governo estadual. 

Segundo o coordenador de saúde mental da prefeitura, Alexandre Firmo de Souza Cruz, o município já está visitando alguns imóveis que poderiam abrigar a unidade. 

Se aprovada a proposta, afirma Cruz, é possível que o serviço funcione a partir do primeiro semestre do ano que vem. O paciente ficaria internado no local por um período médio de 30 a 60 dias, dependendo do caso. 

A Folha apurou que o Estado também cogita ele próprio organizar a unidade com leitos de internação, que poderia funcionar em área anexa ao hospital estadual psiquiátrico Santa Tereza. 

Procurada, a Secretaria de Estado da Saúde não se manifestou sobre o assunto. 

DIAGNÓSTICO 

O esforço em criar uma clínica para essa faixa etária faz parte de um diagnóstico elaborado em conjunto pelo governo estadual, HC (Hospital das Clínicas), prefeitura e Ministério Público. 

Além de uma enfermaria própria, o diagnóstico aponta que a região precisa de outros serviços básicos e secundários de apoio ao adolescente viciado em drogas. 

Entre eles estão mais Caps AD (Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas) na região, para atendimento ambulatorial, e também a criação de casas de passagem, como uma porta de entrada para pacientes ou abrigo para aqueles, por exemplo, ameaçados por traficantes ou que não podem ir para casa. 

No nível mais simples, o diagnóstico mostra que as prefeituras precisam manter equipes próprias, com psicólogos e assistentes, só para acompanhar os adolescentes viciados de sua cidade. 

DEMANDA 

Segundo o promotor de Justiça Naul Felca, que acompanhou a elaboração do diagnóstico, ainda não é possível ter clareza de quantas crianças e adolescentes precisam de ajuda para se livrar do vício. 

O grande problema é que temos hoje só uma suposição da demanda. A real necessidade só saberemos com o serviço funcionando, disse. 

Um dos núcleos previstos no diagnóstico e que já começou a funcionar é o Caps infantil de Ribeirão, gerenciado pela prefeitura.