Cardiologistas recomendam oficialmente hiportermia após casos de parada cardíaca

 A Sociedade Brasileira de Cardiologia – SBC – divulgou recomendação no sentido de que os pac ientes que sofreram parada cardíaca decorrente de infarto, principalmente, e foram reanimados, sejam submetidos à hipotermia terapêutica. A técnica permite o resfriamento do corpo para evitar sequelas, entre as quais a mais temida é o derrame. A hipotermia consiste em abaixar a temperatura corporal, que normalmente é de 36,4 graus, para um valor entre 32º e 34º que deve ser mantido durante 24 horas. O procedimento é adotado com o paciente em UTI e sob constante monitoramento.

A recomendação foi feita pelo Comitê de Emergências Cardiovasculares da SBC e leva a assinatura do presidente da entidade, Jadelson Andrade, do presidente do Comitê, Sergio Timerman e do direto r de Promoção de Saúde Cardiovascular, Carlos Alberto Machado.

33% de Chance a mais -O cardiologista Se rgio Timerman explica que conhecida desde 1950, a hipotermia terapêutica ganhou terreno a partir de estudos norte-americanos. Eles provaram recentemente que um paciente ressuscitado por massagem cardíaca ou com o uso do desfibrilador passa a ter 33% mais probabilidade de sobreviver e de se recuperar sem sequelas, se for submetido ao resfriamento corporal forçado.
“Era relativamente comum que uma vítima de infarto agudo do miocárdio cujo coração chegou a parar e que foi atendida num hospital falecesse alguns dias depois”, explica Timerman.

Essas mortes ocorriam por dois problemas básicos, problemas neurológicos, ou por falência do músculo do coração. Com a hipoterm ia, entretanto, o paciente é colocado numa situação como “de câmara lenta”, diz o médico. O metabolismo baixa, o organismo trabalha mais devagar e passa a ter mais condições de se restabelecer. Há cerca de d ez anos, essa hipotermia passou a ser usada mais frequentemente.

Agora, porém, a Sociedade Brasileira de Cardiologia faz a recomendação oficial, isto é, afirma que diante das evidências científicas, a hipotermia é um tratamento adequado, recomendado e que passa a constar da Diretriz de Emergências Cardiovasculares e Ressuscitação, que acaba de ser disponibilizada na íntegra através do portal www.cardiol.br.
Treinam ento - No documento divulgado, os especialistas afirmam que “recentes estudos confirmaram que a hipotermia é um dos maiores avanços no aumento da sobrevida sem sequelas de pacientes vítimas de parada cardíaca, ap ós o retorno da circulação espontânea”.

Paralelamente ao documento, a SBC iniciou programa de treinamento e reciclagem de pessoal de Saúde, médicos e enfermeiros, que inclui informações e conhecimento sobre hipotermia terapêutica. O tema foi incluído no TECA, o Treinamento em Emergências Cardiovasculares, que a SBC vem difundindo em todo o Brasil para aumentar o número de pessoas capacitadas a atenderem emergências cardíacas.

Até o momento foi treinado profissionais do Ministério da Saúde em cursos realizados em Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro, m édicos e profissionais de saúde de São Paulo. A entidade está empenhada em conseguir que também os hospitais se adequem para a hipertermia terapêutica, sem a qual estatisticamente apenas 10% dos casos de recuper ação após parada cardíaca ocorrem sem sequelas a longo prazo.

Fonte: Revista Fator Brasil