Polêmica no teste antidrogas para motoristas profissionais

 Uma medida polêmica para tornar obrigatório o exame toxicológico para os motoristas de ônibus, vans e caminhões está gerando um embate entre o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) e o Ministério da Saúde.

O órgão responsável pelas normas de trânsito no país quer que o teste, feito através de amostras de cabelo e que detecta o uso permanente de drogas por meses ou até anos, seja obrigatório para obtenção e renovação da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) das categorias C, D,E(inclui permissão para ônibus, van e caminhão).Entretanto, o Ministério da Saúde está questionando a proposta devido a seu custo elevado e eficácia.

A decisão final deve ser tomada até junho, quando a resolução do Contran, de nº 460, publicada em novembro no Diário Oficial da União, está prevista para entrar em vigor.

Além de argumentar que o teste custaria cerca de R$500 para o motorista, o Ministério da Saúde acrescenta que o exame não serve para identificar se o motorista conduziu o veículo sob efeito da substância psicoativa.

O diagnóstico do teste mostra se o indivíduo usou drogas como maconha, cocaína e ecstasy nos últimos meses, de acordo com os resíduos da substância no fio capilar.

Logo, o alcance no tempo desde quando o motorista consumiu o ent orpecente varia de acordo com o comprimento do fio capilar.

A resolução estabelece ainda que, na ausência de cabelo, o condutor seja avaliado através do exame de pelos ou unha.

Especialistas concordam com a argumentação do Ministério da Saúde.

“O teste de cabelo é feito em cima de cada centímetro que o fio cresce por mês.

Então,como detectar se o uso da droga foi em momento em que teve potencial de provocar um acidente?”, questionou a bioquímica Cristina Pisaneschi Azevedo, acrescentando que seria mais eficaz a realização de testes de saliva ou urina em blitzes no trânsito ou, periodicamente, pelas empresas de transporte.

O presidente da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), Otávio Cunha, reconheceu que a prática não é comum entre as companhias que operam o transporte público, porém, disse ver com“bons olhos” a resolução.

“É uma prevenção importante e procura defender a vida.

Acredito que,no transporte regulamentar, não teremos problemas, pois não é hábito dos condutores usarem substâncias ilícitas.”

O Conselho Nacional de Trânsito informou que está avaliando o pedido de veto feito pelo Ministério da Saúde.

Fonte: Brasil Econômico
Autor: Amanda Raiter