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Governo assume hospital privado desativado
Imóveis de hospitais particulares desativados vêm sendo alvo de desapropriação do governo de São Paulo. Do ano passado para cá, pelo menos quatro prédios nesse perfil foram considerados de utilidade pública e transformados em hospitais públicos. Esses projetos já demandaram cerca de R$ 135 milhões em desapropriações, reforma predial e compra de equipamentos.
Entre eles, está o prédio que abrigou por quase 40 anos o Hospital Panamericano, da operadora de planos de saúde Samcil em liquidação judicial desde 2011. Localizado no Alto de Pinheiros, em São Paulo, o imóvel será a partir do próximo ano uma unidade especializada em ortopedia e traumatologia e funcionará como um braço do Hospital das Clínicas (HC).
A Secretaria Estadual de Saúde investirá cerca de R$ 67 milhões na nova unidade do HC. Deste total, R$ 30 milhões serão destinados para a reforma do prédio. A outra parcela, de R$ 37 milhões, refere-se à desapropriação do imóvel, que pertence ao empresário Roberto Horst, filho do fundador da Samcil, Luiz Roberto Silveira Pinto, morto em 2011. Horst, empresário do setor imobiliário, questiona a avaliação e o pagamento será feito em juízo.
Hospital Panamericano, da operadora Samcil, será transformado em unidade de ortopedia e trauma do HC
Segundo fontes do setor, antes da desapropriação, Horst pretendia erguer no local um hospital de alto padrão em homenagem ao pai e já havia obtido, inclusive, um financiamento. Na época em que a Samcil fechou, a Rede D\'Or e Albert Einstein chegaram a analisar o imóvel do Panamericano.
A nova unidade do HC faz parte de um projeto da Secretaria da Saúde de criar uma rede de hospitais especializados em trauma. O hospital do Alto Pinheiros estará ligado ao sistema de resgate que atende as emergência e acidentes ocorridos em São Paulo. Hoje, os casos de traumatologia e ortopedia atendidos pelo resgate são enviados ao HC, Santa Casa de São Paulo ou Hospital do Mandaqui.
Há aproximadamente duas semanas, a Secretaria Estadual de Saúde inaugurou uma unidade do Instituto do Câncer (Icesp), em Osasco. No local, havia uma clínica oncológica que faliu. O governo pagou R$ 13 milhões pela desapropriação do imóvel e investiu outros R$ 13 milhões para aquisição de equipamentos médicos e obras. Essa unidade do Icesp, em Osasco, também faz parte de um projeto do governo que pretende criar uma rede com centros especializados em oncologia.
No ano passado, o governo paulista chegou a anunciar a desapropriação do Santa Marta, hospital inativo no bairro de Santo Amaro e que pertencia à Samcil. O projeto não avançou porque a secretaria considerou o gasto, de R$ 72 milhões, muito alto para por o hospital em funcionamento.
A Prefeitura de São Paulo também está adotando iniciativas semelhantes. O imóvel do Hospital Santa Marina, fechado há cerca de quatro anos, foi adquirido pelo empresário Edson Bueno, fundador da Amil, em um leilão, por R$ 55 milhões. Porém, Bueno desistiu da transação após uma negociação com a secretaria municipal da saúde que já tinha planos de transformá-lo em um hospital público.
Albert Einstein investirá R$ 24 milhões em equipamentos para Vila S anta Catarina, que foi municipalizado
A administração do Santa Marina, que agora passa a se chamar Hospital da Vila Santa Catarina, será feita pelo hospital privado Albert Einstein que in vestirá R$ 24 milhões para a compra de equipamentos médicos e na reforma predial do hospital, situado próximo ao Aeroporto de Congonhas.
O custo anual do Hospital da Vila Santa Catarina, que reabre as portas no próximo ano, é estimado em R$ 134 milhões e será pago pelo Albert Einstein. Deste total, R$ 18 milhões serão subsidiados pelo SUS e os outros R$ 116 milhões virão da isenção tributária do Einstein, hospital filantrópico que reverte sua renúncia fiscal em projetos ligados à saúde pública. No triênio 2012-2014, a sua isenção tributária soma R$ 566 milhões.
Outra desapropriação feita pela prefeitura paulistana foi o imóvel do Hospital Vasco da Gama, que também pertenceu à Samcil. O prédio, que fica na zona leste da capital, foi avaliado em R$ 17,5 milhões e atualme nte pertence a um banco. O prédio era a garantia de um financiamento tomado pela Samcil, que não conseguiu pagar o empréstimo. A municipalização do hospital ainda não foi concluída e, segundo a prefeitura, o valor será depositado em juízo.
Em 2011, antes de encerrar as atividades, a Samcil era dona de sete hospitais, que poderiam render entre R$ 200 milhões e R$ 450 milhões, caso fossem vendidos. Porém, seis deles tinham sido colocados como garantia de empréstimos bancários.
Fonte: Valor Econômico
Por Beth Koike | De São Paulo