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Futuro da medicina personalizada é promissor no combate ao câncer
A medicina personalizada, que atende cada paciente de acordo como seu perfil genético, e terapias desenvolvidas para tratar subgrupos cada vez mais específicos de doenças e doentes são as mais promissoras armas da ciência na luta contra o câncer.
Sem abrir mão da química tradicional, uma forte aliada nessa guerra, a indústria farmacêutica tem investido fortemente em engenharia genética e biotecnologia para combater a doença, que tem custado à humanidade milhões de vidas e de recursos.
Dessa frente, já estão no mercado, ou virão nos próximos anos, os tratamentos mais promissores desenvolvidos pelos grandes laboratórios mundiais.
Líder no mercado mundial de biotecnologia, com 30% de participação nos cerca de US$ 60 bilhões anuais de faturamento do setor, a farmacêutica suíça Roche prevê lançar, nos próximos cinco anos, seis novas moléculas para diferentes tipos de câncer, como o de mama e linfoma.
Seu próximo medicamento biológico, para melanoma, deverá chegar aos Estados Unidos em 2012 e ao Brasil no ano seguinte.
A companhia, também líder global em oncologia, tem dedicado boa parte de sua estrutura em pesquisas aos medicamentos biotecnológicos e ao desenvolvimento de marcadores biológicos — testes capazes de mapear um tumor, identificando seu comportamento e mutações, e que possibilitam o prognóstico da doença e a definição do tratamento mais efetivo.
Maurício Lima, diretor médico da Roche Brasil, explica que a indústria pesquisa, com avanços significativos, novos caminhos para tratar doenças crônicas ou de número elevado de mortes, como o câncer, e a tendência é que a medicina seja cada vez mais personalizada nessas áreas.
“Um indivíduo ou grupo de indivíduos não reage aos tratamentos de maneira igual a outro. O câncer é um nome muito genérico, ele afeta vários órgãos e os tratamentos têm de ser diferentes. Esse conhecimento tem resultado no desenvolvimento de terapias-alvo, ou seja, delineadas para tratar subgrupos e tumores específicos”, afirma Lima, acrescentando que é neste contexto que os marcadores biológicos são de fundamental importância.
A americana Pfizer informa que é forte a tendência para o desenvolvimento de medicamentos focados no perfil genético dos pacientes. Com potencial de lançamento futuro, 24 medicamentos biológicos e de pequenas moléculas estão sendo pesquisados para cânceres, como o de pulmão e pâncreas. A também suíça Novartis, cujos estudos estão dirigidos para a química tradicional, tem em andamento no segmento de oncologia 17 pesquisas de novas moléculas ou novas aplicações para medicamentos já conhecidos no mercado que espera lançar em cinco anos. Conforme Yara Baxter, gerente geral da Novartis Oncologia no Brasil, é filosofia da empresa aliar a descoberta de novas moléculas com a pesquisa de novos usos para as que já têm bons resultados comprovados. Nesse sentido, a empresa conseguiu recentemente — no Brasil, no final de março —, por exemplo, autorização dos órgãos reguladores para duas novas indicações de um medicamento lançado em 2009 inicialmente para câncer renal avançado.
Com faturamento de 47,5 bilhões de francos suíços em 2010, a Roche investe em torno de20% das vendas em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos, a maior parte no segmento de oncologia.
Somente em pesquisas clínicas realizadas no Brasil, a empresa investe US$ 50 milhões. Segundo Lima, cerca de 60% das vendas globais e brasileiras da Roche são provenientes da área de oncologia. Já a Novartis investiu US$ 9,1 bilhões em P&D em 2010, ou 16% do total das vendas globais.
No país, afirma Yara, a área de oncologia absorveu a maior parte dos recursos destinados aos estudos clínicos, ou R$ 31,25 milhões de um total de R$ 50,7 milhões no ano passado. A Pfizer, cuja divisão de oncologia responde por 10% de seu faturamento global, investe cerca de US$ 8 bilhões.