Mundipharma busca reforço de marca

 Existe demanda não atendida na região na área de dor”, diz Zanetti, diretor

Com o objetivo de alcançar receita de US$ 1 bilhão nos mercados emergentes até 2018, o labora tório americano Mundipharma - recém-chegado na América Latina - quer ampliar o conhecimento de sua marca na região. No fim deste mês, Raman Singh, presidente para os mercados emergentes da multinacional, vem ao Brasil para falar sobre o foco da empresa nos países em crescimento, sobre os lançamentos previstos para este ano, e para lançar uma campanha de marketing de R$ 1 milhão que terá o intuito de aumentar a consciência da população sobre o principal mercado da companhia: a dor.

Com presença nos EUA, Canadá, Europa, Ásia-Pacífico e norte da África - e fatur amento global de US$ 4,5 bilhões em 2012 - a empresa teve na América Latina sua última região de entrada. “Os países emergentes são uma prioridade. Existe uma demanda não atendida na América Latina na área de dor, um mercado que é ainda pouco explorado“, afirmou Igor Luiz Zanetti, diretor de Acesso e Assuntos Corporativos para América Latina da Mundipharma Brasil.

O Brasil, sua porta de entrada na regi ão, recebeu os primeiros funcionários há um ano. Desde o segundo semestre do ano passado, a empresa comercializa no país o Oxycontin, um analgésico para dores moderadas e severas, cujas vendas somaram US$ 2,4 bilhões nos EUA em 2012, representando cerca de 30% do mercado de dor americano.

Ainda no primeiro semestre deste ano, a companhia pretende lançar o Restiva, um opióide em adesivo que, segundo o executivo, facilitará o controle da dor, pois só precisa ser trocado a cada sete dias. O medicamento já foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária ( Anvisa). Está previsto ainda para o país o lançamento de uma nova formulação do Oxycontin, que deverá evitar a utilização indevida do medicamento por pessoas não doentes.

Em seu projeto de expansão na América Latina, a empresa já entrou na Colômbia e começou a contratar equipes no México. A Argentina é o próximo passo: as operações da americana no país deverão ter início no ano que vem. A Mundipharma t ambém tinha planejada a entrada no mercado venezuelano, mas o projeto está sendo revisado diante da crise política e econômica do país.

Com 70% de seus negócios focados no portfólio de medicamentos para a dor, a empresa quer crescer na América Latina por meio de aquisições de produtos. “Mas não descartamos as aquisições de empresas, se houver oportunidades“, explicou Zanetti. A empresa estima que o mercado brasileiro de opióides está no patamar dos US$ 150 milhões, enquanto o colombiano chega a US$ 70 milhões e o mexicano a US$ 105 milhões. Para o s próximos anos, seus planos de expansão envolvem investimentos de US$ 80 milhões no Brasil, US$ 25 milhões para Colômbia e US$ 40 milhões para o México.

“Na América Latina, por uma questão cultural, a dor não é ainda considerada algo prioritário. Quando se fala em câncer, por exemplo, a dor é considerada como algo que faz parte do tratamento. Hoje, se fala em tratar a dor não somente em pacientes em estÍ gio terminal, mas para ampliar a qualidade de vida dos doentes em geral“, completou. Como uma tentativa da empresa em conhecer melhor seu público, a campanha a ser lançada por Raman Singh vai ajudar a companhia a coletar informações sobre a população.

A multinacional vê ainda oportunidades em OTC (medicamentos sem prescrição médica): para 2015, a multinacional espera complementar seu portfólio com lançamentos nesta área no Brasil. Hoje, a empresa importa para a América Latina os medicamentos produzidos nas fábricas nos EUA.

Fonte: Valor Econômico

 

Por Vanessa Dezem | De São Paulo