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USP pesquisa anti-inflamatório com menos efeitos colaterais
Pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP) descobriram um novo alvo para combater as dores inflamatórias. Em parceria com uma indústria farmacêutica italiana, a Dompé, a equipe está agora desenvolvendo um medicamento que inibe uma proteína chamada C5a. A esperança é que o novo remédio seja capaz de eliminar a dor sem os efeitos colaterais associados aos anti-inflamatórios mais utilizados.
De acordo com o pesquisador Thiago Mattar Cunha, o estudo começou em 2006. Em 2008, a equipe publicou o primeiro trabalho sobre o assunto na revista científica “British Journal of Pharmacology”, mostrando que a proteína C5a seria um alvo eficaz para o controle da dor inflamatória. Na fase seguinte do estudo, já em parceria com a empresa italiana, o objetivo foi desenvolver uma molécula para bloquear esse sistema.
A equipe espera publicar os resultados até o fim do ano. A pesquisa foi apresen tada por Cunha no Simpósio Bra sileiro e Encontro Internacional sobre Dor (Simbidor), que ocorreu na semana passada em São Paulo.
Anti-inflamatórios mais comuns
Os anti-inflamatórios mais comuns são os chamados anti-esteroides, que incluem medicamentos populares como o ácido acetilsalicílico, o diclofenaco e o ibuprofeno. Esse grupo de remédios combate a dor, a febre e a inflamação tendo como alvo uma substância chamada prostaglandina, responsável por sensibilizar os neurônios para a dor.
Quando a prostaglandina é inibida, portanto, há uma redução do processo inflamatório e da dor. No entanto, a mesma substância é responsável por funções importantes no organismo, como a proteção do estômago contra os ácidos produzidos em seu interior, a manutenção da função dos rins e a coagulação sanguínea. É por isso que o uso contínuo desses medicamentos tende a provocar efeitos colaterais nocivos.
Já o novo alvo proposto pelos cientistas da FMRP-USP, ao mesmo tempo em que está ligado ao meca nismo inflamatório, parece não estar relacionado a outros processos fisiológicos importantes do organismo. “Temos animais que são deficientes para esse receptor (de C5a) e sobrevivem normalmente, sem nenhum problema. Então achamos que, bloqueando esse receptor, teremos um grande fármaco com efeitos colaterais bem reduzidos“, diz Cunha.
A proteína C5a, segundo Cunha, faz parte do sistema complemento. Conforme sugere seu nome, esse sistema complementa a atividade do sistema imunológico no combate aos micro-organismos infecciosos, ativando uma resposta inflamatória.
“O C5a está acima da prostaglandina; provavelmente é o responsável pela liberação dessa substância”, diz Cunha. Inibindo o C5a, portanto, os pesquisadores estão bloqueando a substância que vai formar a prostaglandina durante o processo inflamatório sem, porém, afetar suas outras funções no organismo, como a proteção do estômago e o funcionamento dos rins.
Segundo o pesquisador, o novo fármaco está próximo de ser testado em seres human os, em u m estudo clínico.
Fonte: Portal G1