O perigo do uso de hormônios para emagrecer

(IstoÉ)

 

 A busca de estratégias para entrar em forma, por vezes, chega a medidas desesperadas. Uma das mais recentes em uso pelas mulheres é a injeção ou o implante de cápsulas de testosterona – hormônio sexual masculino – e outros hormônios derivados para ganhar massa muscular, tônus, e queimar gordura sem esforço. A utilização, porém, é perigosa. “São hormônios que não estão naturalmente em dose alta no corpo feminino e seu uso pode acarretar consequências graves para o organismo”, explica Alexandre Hohl, presidente do Departamento de Endocrinologia Feminina e Andrologia da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. 


A utilização pode levar a efeitos colaterais, como o aumento da quantidade de pelos, alteração de voz e até sérias complicações hepáticas e cardiológicas. A menstruação e a ovulação também podem ser prejudicadas, assim como o clitóris pode ter o tamanho aumentado. “Os efeitos são gradativos. Dependem da dose e do tempo de uso, mas podem ser irreversíveis”, alerta Hohl. 

O hormônio começou a ser usado por mulheres que queriam se livrar da TPM. Mas seu impacto na estética atraiu as que estavam interessadas em mais tônus muscular e menos gordura. A aplicação é feita de duas formas: injeção ou implante de microcápsulas de hormônio na região subcutânea. A primeira é mais simples e as aplicações duram até um mês. Na segunda, o efeito pode durar até três anos, dependendo da quantidade de hormônio que a cápsula contiver. Uma cápsula de silicone, de 3 cm x 0,4 cm, é colocada no corpo (braço e abaixo da clavícula) através de um pequeno corte ou com o auxílio de aplicadores. Dentro da cápsula, as micropartículas liberam o hormônio para o corpo aos poucos.

M., jovem carioca de 25 anos, recorreu ao método para aumentar a massa muscular. “Queria ter mais perna”, justifica. Os resultados apareceram, rapidamente e de ambos os lados: tanto o corpo ficou tonificado como M. teve aumento de pelos e de clitóris. O arrependimento bateu. “Não faria de novo. Não vale a pena”, conclui. 

Hormônios de efeito anabolizante, como a testosterona e seus derivados, são de uso controlado e só podem ser adquiridos com receita médica. “Cabe ao médico avaliar o grau do benefício e do risco para o paciente. E ele tem direito de não querer fazer o procedimento”, explica Hugo Miyahira, vice-presidente da Associação de Ginecologia e Obstetrícia do Estado do Rio de Janeiro.