9 de cada 10 laboratórios farmacêuticos gastam mais em marketing do que em pesquisa

 Todos nós sabemos que o grande objetivo de uma empresa é lucrar. Contudo, quando o assunto envolve a cura de doenças e a possibilidade de salvar vidas, a maioria de nós, ingenuamente, pensa que o lucro caminha ao lado de um objetivo maior e mais nobre – ledo engano. A indústria farmacêutica é responsável por desenvolver a maioria dos remédios que conhecemos e também por lucrar muito em cima disso.

 

Segundo a Forbes, a margem de lucro de um laboratório farmacêutico está na casa dos 20%, acima das montadoras de veículos (6%) e ao lado dos bancos. A Pfizer, uma das maiores do mundo, obteve uma margem de lucro de 42% em 2013, grana que chegou a US$ 22 bilhões. Já a Stripping, marca de medicamentos veterinários, bateu os 24%. Enquanto isso, há pessoas que vêm a óbito por não conseguirem bancar um tratamento. Faz sentido?

Não se trata de acabar com os lucros, afinal, todos entendemos que é uma empresa. Mas como bem pontuou um grupo de 100 médicos oncologistas que escreveu uma carta aberta à indústria farmacêutica pedindo a redução do preço de medicamentos, “se vocês fazem US$ 3 bilhões de lucro por ano no Gleevec [medicamento para tratamento de câncer], não daria para fazer só US$ 2 bilhões? Qual é o limite entre o lucro e a exploração?R 20;

“Propaganda é a alma do negócio”

A indústria contra-argumenta o preço dos medicamentos alegando que o custo para pesquisa e desenvolvimento é alto. Apostamos que sim. Descobrir novos ativos e curas e realizar testes não deve ser tarefa fácil, mas quanto isso custa? A mesma Pfizer gastou US$ 6,6 bilhões em pesquisa e desenvolvimento em 2013, segundo a GlobalData. Mas sabe quanto a empresa gastou em marketing? US$ 11,4 bilhões.

Uma vez que o argumento do custo de pesquisa cai por terra, a indústria afirma que consumir medicamentos é uma ótima jogada, já que você economiza dinheiro com hospital e com possíveis cirurgias. “Medic amentos economizam dinheiro a longo prazo. Tome como exemplo a hepatite C, um vírus que mata pessoas e costumava exigir transplantes de fígado. A custo de apenas 30 mil libras [cerca de R$ 120 mil] por um tratamento de 12 semanas, 90% das pessoas estão curadas, nunca vão precisar de cirurgia ou acompanhamento e poderão continuar a sustentar suas famílias“, afirmou o diretor executivo da Association of the British Pharmaceuticals Industry. Sem dúvidas trata-se de um bom negócio, mas 20% de lucro médio?

O terceiro argumento da indústria é que, na hora de comprar um medicamento, não há fidelização do cliente com a marca. Quando uma patente cai, 20 anos depois, e as indústrias genéricas começam a produzir o mesmo medicamento por um preço menor, as vendas do “original” podem cair até 90%. Dos 20 anos de comercialização exclusiva de um remédio, de 10 a 12 já pagam os cus tos com folga e o laboratório fica com, no mínimo, oito anos para lucrar. Faz sentido mesmo assim?

Com esses números, não é à toa que a indústria farmacêutica seja foco de várias teorias da conspiração (eles já têm a cura para o câncer e tudo mais, será?). Além disso, não é raro encontrar laboratórios no centro de escândalos envolvendo propina. A GSK, por exemplo, foi acusada várias vezes de usar propina para que laboratórios adiassem a fabricação de genéricos, mantendo seu produto isolado no mercado por mais tempo – e garantindo lucros. Vale lembrar também outro golpe baixo: em países como a China e até mesmo nos Estados Unidos, é prática comum pagar um “extra” aos médicos para que eles receitem determinado remédio, é mole?

Fonte: Site Hoje Aprendi