Dromedários jovens podem ser a chave da transmissão do vírus da MERS

 Um estudo publicado na revista “Emerging Infectious Diseases“ revelou que os dromedários podem ser a chave para barrar a transmissão do vírus da MERS. Os cientistas afirmam que pequenas mudanças no cotidiano da pecuária podem ajudar a reduzir a ocorrência de infecções em humanos.

Estudiosos internacionais analisaram grupos de animais que têm contato com humanos do Oriente Médio como cavalos, vacas, cabras, ovelhas e camelos. A partir daí, as pesquisas indicaram que os camelos possuíam anticorpos capazes de identificar o vírus da MERS, um sinal de que esses animais podem ter sido infectados anteriormente com o vírus.

Os pesquisadores analisaram cerca de 900 dromedários e verificaram que mais de 90% dos animais foram infectados aos dois anos de idade. Para comprovar a tese, os cientistas tentaram identificar a presença de anticorpos neutralizantes— aqueles que podem parar o vírus— que são mais específicos. Os cientistas também analisaram amostras de dromedários de outros países.

 “O que podemos observar é que dromedários, não só da Península Arábica, mas também da África— onde a maioria dos camelos são criados e, em seguida, exportados para a Península Arábica— têm altos níveis de anticorpos neutralizantes, o que significa que devem ter sido infectados com MERS, ou um vírus muito similar. Mesmo em amostras de 1983, camelos no Sudão e na Somália apresentaram esses anticorpos”, afirmou Dr. Müller, um dos pesquisadores responsáveis pelo estudo, em entrevista à BBC.

Dessa forma, os cientistas induzem que o comércio internacional de camelos pode ter feito com que o vírus se espalhasse, uma vez que os estudos revelaram que os animais estavam infectados há décadas. As análises na saliva e no sangue dos animais revelaram que a infecção é comum em dromedários jovens. A infecção foi constatada com maior frequência em animais com menos de quatro anos de idade. Além disso, o fato desse s animais serem afastados da mãe ainda novos e colocados em contato com humanos pode ter contribuído para a transmissão do vírus para as pessoas, no entanto, a maneira como essa transmissão é feita ainda é incerta.

Os cientistas cogitam que o vírus passe para os seres humanos através do contato com fluidos corporais dos dromedários infectados, ou através do consumo de leite não pasteurizado e contaminado com o vírus.

“Não é pelo ar. Isso é certo. Quando se trata de ser infectado eu considero que é necessário um contato estreito e um comportamento peculiar como beijar camelos, beber leite cru, tocar as narinas do animais ou seus olhos”, contou Müller.

Até o momento, onze pessoas morreram na Coreia do Sul vítimas do surto de MERS. Os primeiros relatos sobre o coronavírus foram divulgados em junho de 2012, quando mais de 400 pessoas morreram.

Fonte: Portal O Globo