Combinação de treino de força com aeróbico atenua obesidade sem precisar de dieta

 A combinação de treinamento com pesos e treinamento aeróbio, conhecido como treinamento combinado ou treinamento concorrente (TC), pode ser uma boa alternativa para adolescentes com excesso de peso. Foi o que apontou estudo de doutorado de Wendell Arthur Lopes defendido na Faculdade de Educação Física da Unicamp, em Campinas (SP). Doze semanas de treinamento, sem intervenção nutricional, ajudaram a reduzir a gordura corporal, aumentar a massa livre de gordura e melhorar a resistência à insulina e o estado inflamatório crônico de baixo grau.

O trabalho, orientado pela docente Cláudia Regina Cavaglieri, foi feito com o público feminino: 48 adolescentes que estudavam no Colégio da Polícia Militar (CPM), uma escola pública de Curitiba (PR). A iniciativa envolveu parceria entre a Unicamp e o Departamento de Educação Física da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Segundo o pesquisador, a inclusão do treinamento de força no treinamento aeróbio tradicional é uma estratégia interessante para adolescentes obesas. Isso porque os exercícios com peso não obrigam os obesos a carregar ou movimentar o peso corporal.

Wendell enfatiza que na pesquisa os ganhos pareceram superiores ao treinamento isolado.

R 12; Observamos que acabou motivando mais a população obesa, visto que reduz a monotonia do treinamento aeróbio separadamente, e permite a valorização da força muscular, componente da aptidão física que se mostra preservado nessa população.

FOCO INFANTO-JUVENIL

As adolescentes avaliadas foram divididas em três grupos de acordo com o estado nutricional e com participação na intervenção.

O TC consistiu em treinamento de força (com três séries de seis a dez repetições máximas) seguido de treinamento aeróbio (30 minutos de caminhada e corrida), totalizando 60 minutos por dia, três vezes por semana.

A ingestão alimentar foi avaliada por meio de recordatório nutricional de 24 horas, e todas essas adolescentes foram orientadas a manter a dieta habitual.

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As avaliações efetuadas foram clínica e exame físico; coleta de sangue, avaliação antropométrica e ultrassonografia abdominal; avaliação ergoespirométrica; avaliação da composição corporal; e avaliação da força muscular e nutricional.

Wendell Lopes relata que, na infância e na adolescência, a obesidade já é considerada fator de risco para várias doenças e já pode predizer um quadro mais grave em idades mais avança das, como a chegada da diabetes do tipo II, doenças cardiovasculares e aterosclerose.

Assim, explica ele, os exercícios aeróbios são valiosos e devem ser prescritos para diferentes populações e objetivos (também a inclusão do treinamento com pesos para indivíduos com excesso de peso ou com meta de emagrecimento). Ele contribui para o ganho de outros componentes que favorecem a saúde, como a massa livre de gordura; potencializa a redução de gordura corporal; e melhora outros parâmetros, como a resistência à insulina.

Já o uso de dietas restritivas e a cirurgia bariátrica, em geral indicadas para os adultos, são pouco recomendadas para o tratamento da obesidade infanto-juvenil.

EXERCÍCIOS FÍSICOS

Os indivíduos obesos, por serem mais pesados que os não obesos, demonstram menor capacidade de realizar exercícios físicos que requeiram sustentação do peso corporal, como a caminhada e a corrida. Estas atividades têm a sua intensidade aumentada por causa da sobrecarga corporal, em consequência da diminuição do tempo total de exercício.

Além disso, os obesos apresentam menor aptidão física aeróbia, quando comparados aos não obesos, com menores valores de consumo máximo de oxigênio (quando os processos de absorção, transporte e utilização de oxigênio estão no seu limite fisiológico de trabalho), em termos de massa corporal.

Normalmente, os exercícios físicos que não exigem a sustentação do peso corporal, como o ciclismo e a natação, são bem tolerados pelos obesos que conseguem manter uma intensidade menor por um maior período de tempo e aumentar o gasto energético total.

O treinamento com pesos também tem sido incentivado para indivíduos obesos na infância e na adolescência.

Ele não obriga carregar ou movimentar o peso corporal. Além disso, como os adolescentes obesos são mais fortes em comparação aos não obesos (em termos absolutos), têm uma maior tolerância a esses exercícios físicos.

De acordo com o autor do estudo, apesar do treinament o com pesos não ser caracterizado por um elevado gasto calórico, tem resultado efetivo como componente de programas de intervenção para jovens obesos.

— Pesquisas que investigam a efetividade de diferentes intervenções para a redução de peso ou da gordura corporal são valiosas para essa população e para que avance o conhecimento sobre o assunto — finalizou o pesquisador.

Fonte: Portal O Globo