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Proibido, cigarro eletrônico se dissemina
Há uma nuvem sobre São Paulo. Ela sai do cigarro eletrônico, engenhoca criada para substit uir a queima de tabaco e cuja venda e importação são proibidas no país em razão das incertezas de seus efeitos na saúde.
Mesmo assim, já pode ser visto em restaurantes, bares e baladas da cidade.
O cigarro eletrônico é um dispositivo a bateria, que contém uma cápsula onde é armazenada uma mistura líquida de nicotina e aromatizantes. Um módulo regula o aquecimento do líquido, que é inalado em forma de vapor.
“Fumo em todo lugar desde que trouxe de Los Angeles, há um ano“, diz a empresária Cristina Nabil, 53, com um modelo da marca americana Blu em punho.
“Aprendi lá que não faz mal para quem está perto, então é ok fumar num restaurante.“ Não é bem assim. Há poucos estudos sobre o assunto. Um deles, realizado há seis meses nos Estados Unidos, mostra que o vapor emitido contém substâncias cancerígenas, ainda que em quantidades menores em relação ao cigarro comum.
Para o empresário Anderson Ribeiro, 35, o “e-fumo“ foi um degrau entre o vício e a abstinência. “Comecei a usar e acabei largando o normal.“ A coordenadora da área de cardiologia do Programa de Tratamento do Tabagismo do InC or, Jaqueline Scholz Issa, é entusiasta do uso do cigarro eletrônico como uma terapia de redução de danos.
“É um produto para o indivíduo que não consegue parar de fumar ter um cigarro menos tóxico. Mas não é uma forma de tratar a dependência.“ A médica pondera: “Mesmo com concentrações menores, não é possível avaliar o impacto disso na saúde“.
“Para consumo em ambiente fechado, [o eletrônico] tem de ser entendido como cigarro [comum]“, ressalta André Luiz Oliveira, da Gerência Geral de Produtos Derivados de Tabaco da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Em 2009, a Anvisa proibiu a venda e importação no país, por falta de comprovação científica da sua qualidade e dos possíveis efeitos na saúde. “Ninguém sabe do que se trata“, diz Oliveira.
UMA NOITE NA CIDADE
A pedido da reportagem, a redatora publicitária Carla Regina Cortegoso, 27, levou seu cigarro virtual para passear.
Em um café perto da Paulista, os frequentadores da mesa ao lado pediram a conta assim que as baforadas começaram.
O garçom do bar na Vila Madalena, zona oeste, ficou em dúvida se ela poderia, consultou o gerente e voltou oferecendo uma mesa na calçada.
“Parece ser uma relação meio de mãe de drogado, que vê o que está acontecendo mas prefere não lidar com o problema“, compara a publicitária. Já na balada da rua Augusta, passou completamente batido.
Fonte: Folha Online
Autor: Chico Felititi, Elvis Pereira e Regiane Teixeira