Droga reverte dano cognitivo em roedores

Um remédio oral foi capaz de proteger o cérebro de roedores com uma doença neurodegenerativa em um teste que pode abrir as portas para futuros tratamentos contra alzheimer, parkinson e esclerose lateral amiotrófica.

Publicado nesta semana na revista “Science Translational Medicine“, o experimento foi feito por cientistas da Universidade de Leicester, no Reino Unido, com financiamento do governo. A substância testada foi fornecida pela fabricante, a farmacêutica GSK.

Doenças causadas por príons (proteí na degenerada que é um agente infeccioso), como a que é conhecida como mal da vaca louca, e males neurodegenerativos como alzhe imer e parkinson causam a morte de neurônios, o que dá origem a problemas cognitivos, como piora progressiva da memória.

Os pesquisadores britânicos explicam que isso acontece porque, nas pessoas com esse tipo de doença, há um acúmulo de proteínas degeneradas nas células cerebrais. Esse acúmulo ativa um mecanismo celular que “desliga“ a produção de proteínas. O problema é que, sem produzir essas proteínas, a célula acaba morrendo.

O novo composto, que ainda não tem nome comercial, impede o início dessa reação nos neurônios, que então consegu em continuar a produzir as proteínas saudáveis de que eles necessitam.

No estudo, a droga foi administrada oralmente a um grupo de roedores doentes. Um grupo-controle recebeu placebo.

Os cientistas observaram que os bichos que receberam o remédio mantiveram o número de neurônios no hipocampo (área do cérebro ligada à memória), enquanto que os demais sofreram uma redução de 70% no número de células.

Os sinais clínicos da doença também foram revertidos 12 seman as após a administração do composto. Já no grupo-controle, os animais se encontravam em estado terminal.

EFEITOS COLATERAIS

Os roedores tratados sofreram uma grande perda de peso (20%) e apresentaram problemas no pâncreas ligados à ação do medicamento.

Ainda não se sabe também se a droga surtirá o efeito esperado em humanos, e os testes clínicos ainda levarão anos para começar.

“Estamos muito longe de uma droga que possa ser usada em humanos. Esse composto teve efeitos colaterais gr aves“, afirmou ao jornal inglês “Guardian“ a pesquisadora Giovanna Mallucci, da Universidade de Leicester.

“Mas o fato de termos estabelecido que esse caminho pode ser usado para proteger contra a perda de células cerebrais significa que o desenvolvimento de drogas para essas doenças neurodegenerativas é uma possibilidade real.“

Fonte: Folha de S.Paulo