Vírus do ebola não evoluiu nos últimos 40 anos, apesar do surto recorde

 Uma pesquisa da Universidade de Manchester (Reino Unido) revelou que, apesar das mutações, o vírus do ebola não evoluiu para se tornar mais mortal desde o seu primeiro surto, há 40 anos.

O estudo, publicado na revista “Virology”, demonstra que o expressivo aumento no mortes registrado no surto atual — já são cerca de 10.500 — não pode ser atribuído a supostas transformações do ebola.

— Usando dados de todos os surtos desde 1976, conseguimos destacar o que mudou no RNA do vírus e, em seguida, usamos ferramentas especialmente desenvolvidas para prever as consequências dessas mudanças — conta Simon Lovell, professor da Faculdade de Ciências da Vida e autor da pesquisa. — Descobrimos que, embora o ebola seja mutante, ele não passa atualmente por uma adaptação que o torne mais ou menos mortal.

Para Lovell, se o vírus manteve suas características há quatro décadas e ainda assim provoca tamanho estrago, é provável que ocorram surtos ainda mais expressivos nos próximos anos.

Há, no entanto, um ponto positivo, segundo o coautor do estudo, David Robertson:

— O fato de que o ebola não está mudando de uma maneira que afeta a virulência da doença significa que as vacinas e tratamentos desenvolvidos durante o surto atual podem ser eficazes contra futuros surtos.

Segundo Robertson, o mapeamento desenvolvido pela equipe é uma forma de estudo do vírus sem uma exposição desnecessária a ele. O cientista espera criar um monitoramento em tempo real para analisar o que está acontecendo com o vírus.

— Como vivemos em uma sociedade cada vez mais conectada globalmente, este nível de vigilância se tornará essencial contra as doenças contagiosas — explica.

Fonte: Portal O Globo