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Inteligência artificial ain da longe da realidade
RIO - Máquinas inteligentes, capazes de aprender, se adaptar e reagir a novas situações e até mesmo de sentir e demonstrar emoções são presença comum em obras de ficção científica. De HAL 9000, o computador que controlava a nave Discovery One no clássico “2001: Uma odisseia no espaço”, a robôs humanoides como Data, da série “Jornada nas estrelas: Nova geração”, passando pela Samantha de “Ela”, elas são reflexo de várias obsessões humanas, desde transcender o próprio corpo, numa espécie de Deus ex machina frente à morte inevitável (como acontece com o personagem de Johnny Depp no filme “Transcendence”, com estreia previs ta para abril nos EUA) , até a afirm ação da Humanidade como ponto culminante da Criação divina e a ela superando. Embora as pesquisas em torno da inteligência artificial tenham avançado nos últimos anos, o surgimento desta tecnologia ainda está longe de virar realidade.
Um dos primeiros obstáculos no caminho da criação da primeira inteligência artificial vem da nossa pouca compreensão sobre o funcionamento do cérebro e como ele dá origem à mente humana. O desafio é tamanho que no ano passado União Europeia e Estados Unidos lançaram ambiciosos projetos para tentar preencher esta lacuna, comparáveis ao esforço internacional que levou ao sequenciamento do genoma humano no início dos anos 2000. Na Europa, o Projeto Cérebro Humano ganhou financiamento de 1 bilhão de euros para desenvolver supercomputadores e programas com o objetivo de simular todos os aspectos do funcionamento do cérebro, da estrutura dos neurônio s à sua genética, química e sinais elétricos, cr iando assim um modelo que uniria todos os conhecimentos atuais da neurociência e os que venham a surgir nos próximos anos. Já os EUA lançaram uma iniciativa plurianual batizada Brain, que só este ano contará com US$ 100 milhões em dinheiro do governo, além de recursos extras de fundações e instituições privadas do país.
Na outra ponta do problema estão as limitações da tecnologia atual. Apesar da crescente miniaturização, os chips baseados em silício não deverão conseguir atingir uma capacidade de processamento suficiente para imitar as potencialmente infinitas conexões entre os bilhões de neurônios no cérebro. Neste campo, a esperança reside nos chamados computadores quânticos. Enquanto nos computadores clássicos atuais a menor unidade de informação é o “bit”, que pode assumir os valores de 0 ou 1, em um computador quântico esta unidade básica é o “quantum bit ” ou “qubit“, que pode ter valor 0 e 1 ao mesmo tempo. Desta forma, dois qubits podem ter simultaneamente quatro valores — 00, 01, 10 e 11 —, com cada qubit adicional dobrando o total de informações armazenadas, o que faz com que um computador com apenas 300 qubits possa guardar 2 elevado à 300ª potência de valores, um número maior do que a quantidade de átomos no Universo.
Fonte: O Globo