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Estudo piloto publicado pelo JAMA confirma que vacina da Novartis pode proteger bebês contra a meningite B
Fator Brasil
Dados mostram que a vacina pode ajudar a proteger pessoas em todas as idades, incluindo as mais vulneráveis. O estudo, que envolveu mais de 1,8 mil crianças, mostrou que a vacina obteve resposta imunológica significativa, administrada sozinha ou com outras vacinas de rotina, em diferentes esquemas de vacinação. As vacinas atuais não protegem contra a meningite B, doença que atinge principalmente crianças e pode matar em 24 horas.
O Journal of the American Medical Association (JAMA) acaba de publicar os resultados de um estudo piloto com a vacina contra o meningogoco B, desenvolvida pela Novartis, que demonstraram pela primeira vez a possibilidade de uma vacina prevenir a doença meningocócica de maneira abrangente em crianças pequenas, o grupo etário em que se observa a maior probabilidade de contrair esta doença, muitas vezes mortal.
O estudo, realizado na Universidade de Oxford, no Reino Unido, acompanhou 1.885 crianças que foram imunizadas contra o sorogrupo B seguindo diferentes esquemas de imunização. Em um deles as crianças foram vacinadas aos 2, 4 e 6 meses de idade e no outro esquema, as crianças foram vacinadas aos 3, 5 e 7 meses de idade. Sendo que em ambos os esquemas, as vacinas foram administradas sozinhas ou juntamente com as outras vacinas infantis de rotina. Após avaliação das respostas imunes dessas crianças, constatou-se que a maioria das crianças vacinadas contra o meningococo B, independente do esquema de dosagem, com ou sem vacinas de rotinas, obtiveram respostas adequadas contra o sorogrupo B.
Os resultados também mostraram que, quando administrada sozinha, a vacina contra a meningococo B apresentou um perfil de tolerabilidade similar ao das vacinas administradas de rotina nesta faixa etária (pneumocócica 7-valente conjugada,e vacina combinada contra difteria, tétano, pertussis acelular, poliomielite inativada, hepatite B e Haemophilus influenzae tipo B).
Segundo o professor de pediatria da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo, secretário do Comitê de Doenças Infecciosas da Sociedade Paulista de Pediatria, chefe da Divisão de Doenças Infecciosas Pediátricas do Hospital São Luiz e membro do Conselho Consultivo Permanente em Práticas de Imunização da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, Dr. Marco Aurélio Sáfadi, esses resultados representam um grande avanço na possibilidade de prevenção de uma doença tão devastadora como a meningite.
“A doença é grave e nesse público pode ter impacto negativo no desenvolvimento físico e social, pois além do risco de morte, pode deixar sequelas, como surdez, amputação de membros e distúrbios mentais. Vacinar é a forma mais eficaz de prevenir a doença e essa vacina traz esperança para a classe médica que poderá contar com um recurso preventivo contra a meningite meningocócica B”, afirma Sáfadi. O especialista ressalta ainda que já existem vacinas para outros quatro sorogrupos causadores de doença: A, C, W135 e Y.
A doença meningocócica é temida e, embora seja possível diagnosticá-la precocemente, pode levar a morte em 24 horas. Em geral, no Brasil, dois a cada dez acometidos pela meningite meningocócica B não sobrevive à doença, apesar do tratamento com antibiótico, e um a cada cinco sobreviventes fica com graves seqüelas da doença, como deficiências físicas, amputações de membros, danos cerebrais, perda auditiva ou dificuldade de aprendizagem.
A maioria dos casos de meningite meningocócica nos países desenvolvidos é causada pelo sorogrupo B. No Brasil, o sorogrupo B é o segundo tipo mais frequente da doença, sendo que nas décadas de 80 e 90, as bactérias do sorogrupo B foram as principais responsáveis pelos casos da doença no país. Atualmente, o sorogrupo prevalente no Brasil é o C, responsável por 80% dos casos. Segundo o Ministério da Saúde, nos últimos anos são reportados cerca de 2 mil e quinhentos a 3 mil casos de doença meningocócica anualmente no Brasil.
Vacina contra o meningococo B-A vacina da Novartis, comercialmente conhecida como Bexsero (4CMenB), foi desenvolvida utilizando uma tecnologia pioneira de produção chamada vacinologia reversa. O método utilizado até então para produzir as vacinas meningocócicas conjugadas contra os sorogrupos A, C, W-135 e Y não poderia ser usado ??para MenB. O polissacárido capsular de MenB é idêntico a um componente polissacárido presente no corpo humano e é, portanto, não imunogênico. Bexsero é resultado de mais de 20 anos de pesquisas e ainda não é comercializada em nenhum país.