Hipertensão pode ser controlada, aponta especialistas

 Governo Federal firma pacto com empresas para a redução de sódio nos alimentos industrializados. Consumo de sal é um dos fatores de risco para a doença

Governo Federal firma pacto com empresas para a redução de sódio nos alimentos industrializados. Consumo de sal é um dos fatores de risco para a doença

A hipertensão arterial atinge atualmente 24,3% da população brasileira. A informação é parte da pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônica s por InquÍ rito Telefônico (Vigitel 2012), divulgada pelo Ministério da Saúde. Para a pesquisa, foram entrevistadas 45 mil pessoas acima de 18 anos nas 26 capitais e no Distrito Federal.

De acordo com o Ministério da Saúde, o índice de hipertensos permaneceu estável nos últimos sete anos da pesquisa. A Vigitel 2012 aponta que, quanto maior a escolaridade, menor a taxa de hipertensos. Entre os que têm até oito anos de educação formal, 37,8% sofrem de hipertensão. Já com relação àqueles com 12 anos ou mais de ensino, 14,2% são hipertensos.

A doença é mais comum entre as mulheres (26,9%) que entre os homens (21,3%). A incidência da hipertensão cresce à medida que aumenta a idade. Na faixa etária de 18 a 24 anos, apenas 3,8% tem hipertensão. Entre os que têm mais de 65 anos, 59,2% se declaram hipertensos.

“Em relação aos dados da hipertensão arterial, há uma estabilidade nos últimos sete anos. Embora apareça uma diferença de 22,5% para 24,6% entre 2006 e 2012, do pon to de vista estatístico, não há diferença”, disse Deborah Malta, diretora de Análise de Situação em Saúde, do Ministério da Saúde.

Apesar de não ter havido grande alteração na incidência da doença, dados do Sistema Único de Saúde (SUS) indicam que o número de pessoas que precisaram ser internadas na rede pública em decorrência de complicações de hipertensão caiu 25% em dois anos. Em 2010, o SUS registrou 155 mil internações, enquanto em 2012 foram 115 mil.

O crescimento do acesso a medicamentos gratuitos para hipertensão por meio do Programa Farmácia Popular é apontado pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, como fator decisivo para a redução nas internações. Ele cita ainda a adoção de hábitos alimentares saudáveis, com redução do consumo de sal e a prática de exercícios físicos.

“O acesso ao medicamento cresceu sete vezes em dois anos. Sabemos que, no tocante à internação, o acesso ao cuidado médico e ao medicamento é de cisivo para r eduzir a internação. E os hábitos saudáveis, como expandir a atividade física, tem um papel muito importante, fundamental na prevenção”, disse.

Os dados da pesquisa por capital apontam que o Rio de Janeiro (29,7%) concentra a maior taxa de hipertensos. De acordo com o ministro Padilha, a razão pode ser a alta concentração de população idosa. Boa Vista (16,6%) é a capital com menos hipertensos, o que é motivado também por característica etária da população, que é mais jovem.

Pacto – Laticínios, embutidos e sopas prontas entraram na lista de alimentos que devem sofrer redução de sódio, porque o consumo elevado é um dos causadores de hipertensão arterial. A medida está no quarto acordo destinado a diminuir a quantidade do produto em alimentos industrializados. O documento foi assinado pelo Ministério da Saúde e a Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia).

Com o compromisso, chega a 16 o número de grupos alimentares incluídos. A meta n acional é retirar 28 mil toneladas de sódio de alimentos até 2020. O sódio está presente no sal de cozinha e em alimentos industrializados. É usado não só para dar sabor. Exerce outras funções, incluindo a de conservante.

“Muitos produtos têm muito sal e as pessoas nem sabem. São produtos que, cada vez mais, entram na alimentação das pessoas, estão no refeitório do trabalho e na merenda escolar. Por isso, a importância estratégica da parceria com a indústria”, disse o ministro da Saúde. 

O compromisso firmado prevê que nos próximos quatro anos ocorra redução de 68% do sódio no queijo muçarela, de 63% no requeijão cremoso, 59% em hambúrgueres, 54,8% em empanados, 29,8% em salsichas e 33,2% em sopas prontas. A lista completa dos produtos e das metas de redução de sódio está no site do Ministério da Saúde. 

Desde a assinatura do primeiro acordo, em 2011, a estimativa é que 11,3 mil toneladas de sódio tenham sido retiradas de a limentos. 

“Encontramos caminhos e estamos procurando soluções para conseguir bater a meta antes de 2020. Uma parte disso vai depender de educação. Precisamos informar às crianças sobre educação alimentar, e também ajudar o governo a comunicar os hábitos saudáveis”, disse o presidente da Associação, Edmundo Klotz.

Antes do acordo assinado, estavam na lista de alimentos que devem sofrer redução do sódio pães do tipo bisnaga, mistura para bolos, batata frita, biscoitos e maionese.

Fonte: O Fluminense