Estudo detecta problemas em prescrições avaliadas em hospital

 Estudo realizado na Unidade de Farmácia Hospitalar do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná mostrou que 14,6% das 6.438 prescrições avaliadas no período de um ano apresentaram algum problema relacionado a medicamentos. Os medicamentos mais envolvidos nos problemas foram a ranitidina, para profilaxia de úlcera (28%), enoxaparina, para profilaxia de trombose ou para doença arterial coronariana (13,76%), e o antibacteriano meropenem (8,26%). Em todos os casos em que foram detectados problemas houve intervenção farmacêutica. Das 933 intervenções realizadas, 76,32% foram aceitas, resultando em mudanças positivas em sete a cada dez das prescrições.


Premiado no dia 17 de outubro com o primeiro lugar da categoria Saúde Multiprofissional, da 8ª edição do Prêmio Professor Eric Roger Wroclawski 2013, promovido pelo Instituto Albert Einstein, o estudo mostrou a importância do trabalho do far macêutico clínico. A revisão das prescrições, integrada à rotina de dispensação hospitalar, permanece um meio importante de detectar e solucionar erros e melhorar a qualidade de uso de medicamentos, promovendo a segurança do paciente. O resultado da pesquisa endossa constatações de outros estudos, de que o seguimento farmacoterapêutico pode reduzir as taxas de erros de medicação em até 78%.

Realizado como trabalho de conclusão de curso da então residente Wálleri Reis, o estudo foi uma iniciativa da Residência Multiprofissional em Atenção Hospitalar. Os farmacêuticos Cassyano Correr, Carolinne Thays Scopel e Vânia Mari Salvi Andrzejevski participaram também como coautores da pesquisa.

“Há muitos anos o farmacêutico brasileiro tem ficado restrito à gestão das farmácias hospitalares, mas a cada dia fica mais clara a necessidade da atuação deste profissional nas unidades clínicas, a fim de garantir o uso seguro e racional dos medicamentos”, comentam os autores. De acordo com o grupo, os erros de prescrição são a principal causa de eventos adversos que podem ser prevenidos. O serviço de farmácia clínica, aliado à utilização de sistema eletrônico de prescrição, pode contribuir substancialmente para prevenir tais erros.

O problema mais comumente encontrado nas prescrições avaliadas pelo estudo foi relacionado à dose, representando 46,7% do total. Em 19,1% dos casos, os medicamentos prescritos eram inapropriados ou desnecessários, e em 7,8%, havia alternativa terapêutica mais adequada disponível. Nas intervenções realizadas, os farmacêuticos clínicos orientaram pela correção ou individualização da posologia (50,4% dos casos); suspensão dos medicamentos (18,9%) e substituição por apresentação farmacêutica mais segura, efetiva, de melhor custo-benefício ou disponível (8,0%).

O alvo da pesquisa foram prescrições médicas das unidades de terapia intensiva (UTI) para atendimento de pacientes adultos, de terapia intensiva cardiológica e de cardiologia clínica. Para a realização do trabalho, os farmacêuticos clínicos acompanharam pacientes nas unidades de internação definidas, avaliando as prescrições, participando das visitas multiprofissionais e interagindo com os demais membros da equipe de assistência à saúde e com o paciente, quando necessário. Os autores salientam que o estudo vem comprovar que o trabalho em equipe é a melhor maneira de garantir a segurança do paciente.

O prêmio Professor Eric Roger Wroclawski é organizado pela Revista Científica Einstein, publicação oficial de divulgação científica. Foram avaliados 89 artigos científicos originais na área da saúde, submetidos à revista no período de 1º de julho de 2012 a 20 de junho de 2013. Além da categoria saúde multiprofissional, outras quatro categorias foram premiadas: medicina clínica, gestão e economia em saúde, medicina cirúrgica e ciências básicas e medicina experimental. Os três primeiros colocados (estudo e autores) de cada categoria foram premiados.

Fonte: Comunicação CFF