Dieta da Zona sugere proporções similares de proteínas e carboidratos

 Uma dieta que postula um consumo maior do que o normalmente recomendado de proteína, mas numa proporção inferior à de carboidratos, garante que leva à perda de peso e confere efeito p rotetor contra uma série de doenças.

É a Dieta da Zona, concebida pelo bioquímico norte-americano Barry Sears, ex-pesquisador do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), nos Estados Unidos. Ela é diferente das famosas dietas da proteína, como Dukan e Atkins, que recomendam um consumo elevado de proteína e uma quantia quase ínfima de carboidratos.

A ideia da dieta é que os alimentos sejam ingeridos na proporção de 40% de carboidratos, 30% de proteínas e 30% de gordura para que os hormônios fiquem dentro da “zona“ considerada saudável. Especialistas afirmam que o normal é um consumo de proteínas correspondente a 10% a 12 % das calorias diárias.

Segundo Sears, o balanceamento hormonal contribui para a queima de gordura, para a proteção contra doenças cardiovasculares e até poderia conferir efeito protetor contra o câncer.

Mesmo com essa proporção, entretanto, a quantidade de proteína é considerada elevada, a tal ponto que a dieta entrou para a categoria das dietas hiperproteicas como Atkins e Dukan, imagem alavancada pelo número de adeptos e produtos que a marca “The Zone“ lançou no mercado.

Para o bioquímico, a visão de que a dieta é hiperproteica é errônea. “O consumo adequado de prote ína é garantido nessa razão sem efeitos deletérios à saúde.“ “A questão é que essa proporção deve ser mantida para que não haja excesso de nenhum hormônio ou enzima“, diz Sears à Folha, em visita ao Brasil.

A hipótese para o sucesso da dieta, com hormônios dentro da zona saudável, é diminuir a resposta inflamatória “silenciosa no organismo“, garante. O especialista explica que há dois tipos de inflamação. “A primeira dói e você procura um médico. A segunda está aquém da percepção da dor“, diz.

A inflamação é uma resposta natural à ativação do sistema imunológico e nos mantém vivos.

Mas, de acordo com o bioquímico, há uma inflamação resultante do desequilíbrio de nutrientes e de hormônios, que é capaz de se instalar nas células durante décadas e agir de forma assintomática.

Com o tempo, ele informa, esse processo deflagra doenças como diabetes e câncer, resultantes dessa inflamação prolongada. “Nenhuma dessas doenças acontece do dia para a noite“, explica.

Hoje, diz Sears, a medicina começa a entender melhor como a dieta é capaz de modular a inflamação para mantê-la em níveis saudáveis.

FRAÇÃO EXATA

Uma das quest ões levantadas em relação à dieta é a origem da proporção, já que, de alguma forma, as dietas poderiam ser balanceadas sem necessariamente essa fração exata ser seguida.

“Se alguma coisa se eleva um pouco, outra tem que diminuir&qu ot;, diz Barry Sears. “Isso altera o modo como os hormônios se comportam.“

O consumo exagerado de carboidratos, muito além da proteína, aumenta a insulina imediatamente. “É a insulina que engorda e acelera a inflamação“, diz. “Mas a proteína também elevá-la, mas em menor proporção.“

Sears também acredita que doses elevadas de ômega 3 devem ser inseridas na dieta, mas na forma de supl ementação para que a proporção de proteína não seja afetada.

CRÍTICAS

Enquanto o pesquisador rebate a pecha de “dieta fácil“ recebida de seus críticos mais ferrenhos, ex-colegas do MIT já disseram que o pesquisador supervalorizou os resultados encontrados em ciência básica no instituto.

Também há críticas em relação à ausência de estudos científicos controlados que embasem o efeito protetor da dieta e sua capacidade de controle de hormônios. Estudos mostram que o excesso de proteínas, na verdade, aumenta os níveis do fator de crescimento semelhante à insulina, que correspondem a um aumento do hormônio de crescimento, ligado a um ris co maior de câncer.

Em janeiro desse ano, um artigo foi publicado por Barry Sears no “Pharma Nutrition“, mostrando a eficácia da suplementação do ômega 3 e da dieta da zona no tratamento de trauma cerebral. Na mesma publicação, em fevereiro, o bioquímico publicou efeitos benéficos em relação à degeneração macular.

Fonte: Portal Folha de S. Paulo
Autor: MONIQUE OLIVEIRA