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Pesquisadores mineiros investem na busca por novos medicamentos
A Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig) tem apoiado diversos pesquisadores do Estado na realização de estudos com plantas características de terras mineiras. As descobertas vão de pomadas cicatrizantes até combatentes em potencial do câncer de boca, que é o quinto de maior incidência em homens e o sétimo em mulheres, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca).
Característico do cerrado mineiro, o pequi, fruto tradicional na culinária sertaneja, vem sendo analisado para atuar como combatente real do câncer de boca. A pesquisa está sendo coordenada pela Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), que descobriu na casca do pequi o ácido gálico, que possui atividade anti-inflamatória e forte ação antioxidante. “Uma pesquisa feita aqui na Unimontes já havia encontrado uma forma de isolar e extrair o ácido gálico do pequi. Assim, resolvemos testá-lo como uma alternativa para o tratamento do câncer de boca”, explica o pesquisador da Unimontes e Ph.D em Farmacologia Bioquímica e Molecular, André Luiz Guimarães.
A pesquisa, aprovada pela Comissão de Ética, Bioética e Bem-Estar Animal (Cebea), está em fase de testes com animais. “Se conseguirmos um medicamento que vai aumentar a eficácia da radioterapia no tratamento do câncer de boca, já é um ganho enorme. Os resultados são promissores”, diz o pesquisador.
Guimarães aponta outras vantagens. “O pequi tem baixo custo de produção e vai gerar renda para a comun idad e, que vai poder aproveitar toda a cadeia produtiva e ainda vender esta casca do fruto, que hoje é descartada. Nossa ideia, inclusive, é futuramente estimular projetos de reflorestamento com pequi na região”, adianta.
Já no território Caparaó, o pesquisador João Paulo Leite, do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular da Universidade Federal de Viçosa (UFV), partiu da sabedoria popular para comprovar o potencial de duas espécies de plantas para serem usadas nos campos da medicina – a Quina do Campo, típica do Cerrado, e a Quina Mineira, árvore abundante no bioma de Mata Atlântica.
“No caso da Quina Mineira, por exemplo, conversamos com os moradores mais antigos da região do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, que utilizam o chá da sua casca para tratar problemas digestivos e no fígado. As pesquisas mostram que a Quina Mineira pode ajudar na cura de problemas no fígado, no pulmão e também no câncer de intestino, pois ela ajuda a reparar os tecidos danificados ou a impedir o avanço da doença”, conta Leite.
Os estudos com a espécie Strychnos pseudoquina, conhecida popularmente como Quina do Campo, também se mostraram promissores. Empregada na medicina popular para cicatrização da pele, a casca deste arbusto teve sua atividade cicatrizante comprovada pela equipe do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular da Universidade Federal de Viçosa (UFV), que criou uma pomada a partir do extrato da planta.
Apesar da comprovação da eficácia das espécies citadas, os pesquisadores recomendam que as pessoas tenham cuidado ao usá-las, pois a dosagem inadequada pode trazer riscos à vida do paciente.
Fonte: Site Hoje em Dia