Cabras produzem leite que recupera defesas

Cientistas brasileiros desenvolveram uma forma natural e eficaz de produzir uma substância receitada no tratamento de déficit de células de defesa do sangue. Eles obtiveram descendentes da única cabra do mundo capaz de secretar o Fator Estimulante de Colônia de Granulócitos humano (hGCSF), proteína importada usada para tratar imunodeficiências.

No mercado, esta droga custa R$ 500 a ampola, e um paciente precisa de 14 por ciclo de tratamento. A cabra geneticamente modificada produz cerca de 630 microgramas de hG-CSF por mililitro de leite, o que equivale a quase duas ampolas do fármaco disponível hoje no mercado.

Ele só pode ser usado após a coleta do leite e purificação da proteína. Antes, os cientistas precisam fazer testes para validar a substância.
E a produção da proteína em escala comercial vai exigir um número maior de cabras.

Para isso, há duas estratégias: usar sêmen do macho transgênico para fecundação de cabras não transgênicas; e produção de embriões da fêmea transgênica e posterior transferência cabras receptoras.

Se for possível recuperar 100% da proteína no leite, apenas 7 ml de nossa cabra seriam suficientes para um tratamento. E esta cabra pode produzir até um litro de leite por dia e ter uma lactação que dura em torno de 150 dias, diz Vicente Freitas, pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e coordenador do Laboratório de Fisiologia e Controle da Reprodução (LFCR):

— Um pequeno rebanho transgênico pode atender à nossa necessidade de hG-CSF. O trabalho é uma parceria entre o LFCR, o Instituto de
Biofísica Carlos Chagas Filho (UFRJ) e a Academia de Ciências da Rússia, com apoio do Ministério da Ciência e Tecnologia e do CNPq.

 

Fonte: O Globo