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Cientistas europeus ameaçam boicotar estudo sobre o cérebro
Mais de 130 cientistas europeus escreveram uma carta aberta à Comissão Europeia, ameaçando boicotar um projeto que tenta desvendar segredos do cérebro, o órgão mais complexo e misterioso para a ciência.
Os pesquisadores reivindicam mais transparência na gestão dos recursos do Human Brain Project (HBP), lançado no ano passado, que conta com um orçamento de 1,2 bilhão de euros.
Seu objetivo é criar, a partir de estudos de neurociência, uma simulação em supercomputador do cérebro humano. Mais de 110 instituições estão envolvidas nos estudos, que vão se estender por dez anos.
O projeto, porém, levantou controvérsia desde o início. Muitos pesquisadores se recusaram a integrar a equipe do HBP por acreditarem que ainda é muito cedo para atingir sua meta. Agora, muitos protestam contra os rumos seguidos pelo programa.
Os signatários da carta também acreditam que os gestores do programa desperdiçam verbas.
Os cientistas pedem para que a Comissão Europeia seja mais rigorosa na avaliação do projeto, antes de renovar seu financiamento.
Para eles, a revisão do HPB, que deve ser cumprida em meados do ano que vem, encontrará “falhas substanciais” na governança, flexibilida de e transparência do programa.
Outras reivindicações são ligadas à suposta negligência com pesquisas de ciência cognitiva, que estuda funções cerebrais de alto níveis, como pensamento e comportamento.
— O projeto é um desperdício de dinheiro. Vai acabar com fundos valiosos para a pesquisa neurocientífica e deixará o público chateado com toda razão — ataca Peter Dayan, diretor de Neurociência Computacional da University College London.
O HBP estimulou cientistas americanos a criarem o seu próprio projeto para o estudo do cérebro. O Brain Iniciative, porém, terá um orçamento mais generoso. Nos próximos dez anos, será abastecido com US$ 3 bilhões.
Um porta-voz da Comissão Europeia ressaltou, em comunicado, que o HBP “só está em funcionamento há nove meses e é muito cedo para tirar conclusões”.
O texto também assinala que o projeto envolve instituições de 24 países e que, “em um esforço desta magnitude, não é estranho q ue haja divergênci as sobre os pontos de vista”.
Fonte: O Globo