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Distribuidoras vão fechar ano com crescimento menor
Os reflexos da crise econômica já começaram a aparecer nas estatísticas oficiais de emprego e renda e, a partir do segundo trimestre, devem alcançar os negócios das distribuidoras de medicamentos com atuação no mercado brasileiro. Depois de saltar 19,6% no ano passado, o faturamento dessas empresas, que chegou a R$ 9,67 bilhões em 2014, deve crescer menos em 2015, entre 13% e 15%, de acordo com a Associação Brasileira de Distribuição e Logística de Produtos Farmacêuticos (Abradilan).
“Dependendo do impacto do ajuste fiscal, essa expectativa pode mudar. No primeiro quadrimestre, houve expansão de 19%, mas o segundo trimestre deve fechar um pouco abaixo disso“, disse ao Valor o diretor - executivo da entidade, Geraldo Monteiro.
Apesar do ritmo ainda expressivo de expansão, que supera a projeção de alta de 8% a 10% nas vendas de medicamentos no país do IMS Health, o executivo afirma que os negócios das distribuidoras estão de fato crescendo, “mas não conforme o planejado“.
A instabilidade da economia brasileira e a falta de padrão de fiscalização sanitária e de segurança jurídica também vêm tendo impacto negativo no setor, conforme Monteiro. Além de grupos estrangeiros terem desistido de entrar no mercado nacional, há aqueles que colocaram à venda as operações locais.
Exemplo disso é o anúncio do grupo alemão Celesio AG, que atua globalmente no atacado e no varejo de produtos farmacêuticos, no fim de abril, de que colocou à venda seus ativos no país “após a revisão de seu plano de negócios para o Brasil“.
O grupo, cujas operações no país incluem a Panpharma, que detém 15% de participação no mercado brasileiro de distribuição de fármacos, e a Oncoprod, com foco na distribuição de medicamentos oncológicos, informou que pretende se concentrar nos mercados da Europa.
No ano fiscal de 2014, o grupo teve receitas de 22,3 bilhões, com alta de 4,3% na comparação anual. No primeiro trimestre fiscal de 2015, os resultados da Panpharma e da Oncoprod aparecem na linha de operações descontinuadas com receitas de € 391,3 milhões, alta de apenas 0,5% frente aos € 389,2 milhões apurados um ano antes.
“Há cerca de um ano, tive uma reunião com um grupo que queria comprar ou uma distribuidora ou uma rede de farmácias no país, mas que acabou desistindo. Os estrangeiros têm mais dificuldade de lidar com esse cenário de incertezas“, explicou Monteiro.
A existência de regras que podem variar de município a município também afeta as empresas de capital nacional e dificultam um processo de consolidação das distribuidoras, na avaliação do executivo. “A dinâmica do negócio é regional. Não acredito em consolidação no curto prazo“.
Soma-se a isso a competição cada vez mais acirrada nesse mercado, que é atendido tanto pelas distribuidoras quanto pela venda direta das próprias farmacêuticas. A Abradilan, segundo o executivo, conta com 140 associados, que representam 20% do mercado farmacêutico nacional e 27% das vendas de genéricos. Para fazer frente à concorrência, cada vez mais distribuidoras estão assumindo também a operação logística dos medicamentos, acrescentou Monteiro.
Fonte: Valor Econômico
Autor: Stella Fontes