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Novos casos de depressão afetam sobretudo portugueses mais velhos
Um estudo do Instituto Nacional de Saúde detectou um aumento dos novos casos de depressão entre 2004 e 2012. O crescimento foi claro, sobretudo, nas mulheres com mais de 45 anos e nos homens com idades próximas dos 60 an os, avança a TSF.
Entre as mulheres a taxa de incidência estimada de primeiros episódios de depressão cresceu 12% entre 2004 e 2012, chegando aos 992 novos casos por cad a 100 mil habitantes. Nos homens a subida foi de 20% (347 novos casos por cada 100 mil habitantes). A análise agora publicada revela que estes aumentos aconteceram essencialmente em alguns grupos etários.
O maior crescimento aconteceu entre os homens com idades entre os 55 e os 64 anos, que passaram de perto de 300 casos em 2004 para cerca de 800 por 100 mil habitantes em 2012. Este passou a ser o grupo etário masculino mais afetado por primeiros casos de depressão.
Nas mulheres, as idades mais atingidas pela doença passaram a ser aquelas que ficam entre os 45 e os 54 anos, com mais de 1700 casos por cada 100 mil habitantes, contra os cerca de 1000 de 2004.
O estudo foi feito por uma equipe do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) que usou dados recolhidos pela rede de médicos-sentinela, um grupo de médicos de família que notificam situações relacionadas com a saúde pública. A depressão foi uma das doenças alvo de notificação em 2004 e 2012.
O estudo admite que os dados recolhidos em 2012 têm algumas limitações devido, por exemplo, à redução do números de clínicos que fazem parte da rede de médicos-sentinela, o que pode ter enviesado a análise. Contudo, os especialistas do INSA sublinham que os resultados revelam “uma coincidência temporal entre o aumento da taxa de incidência estimada de primeiros episódios de depressão nos cuidados de saúde primários e o agravamento das condições sociais e econômicas em Portugal“.
Os especialistas dizem que é preciso monitorizar a evolução da depressão e estudar a suas causas em Portugal, nomeadamente porque existe evidência científica de que “em contexto de crise os homens estão em maior risco de desenvolver doenças mentais“.
À TSF, o bastonário da Ordem dos Psicólogos explica que os resultados deste estudo fazem sentido com a realidade sentida pelos psicólogos que notam, por exemplo, um aumento da procura nos serviços públicos de pessoas atingidas pela depressão.
Telmo Baptista acrescenta que tem lógica serem os homens e mulheres de meia-idade aqueles onde mais cresceram os novos casos de depressão, num fenómeno que “pode estar relacionado com o desemprego“.
O bastonário explica que a depressão está, com frequência, associada à falta de esperança no futuro, numa altura em que estas pessoas sa bem que ficar sem trabalho nestas idades pode ser um problema ainda mais sério do para quem é mais novo.
Fonte: RCM Pharma