HIV volta a se manifestar em pacientes que tinham sido

 Indivíduos estavam livres de coquetel após transplante de medula óssea. Dois pacientes aparentemente “curados” da Aids voltaram a manifestar sinais da doença.

Eles tinham pass ado por um arriscado transplante de medula óssea e sobreviviam sem antirretrovirais. O caso deles é raro: eles desenvolveram um linfoma, tipo de câncer do sistema linfático com risco de ocorrência entre soropositivos.

O transplante é indicado no tratamento do câncer e, segundo os cientistas, o seu mecanismo de ação poderia funcionar também contra o vírus. O método, entretanto, só poderia ser aplicado em casos de pacientes tanto com HIV como com linfoma, pois o risco de morte durante a operação é muito alto. Inclusive, um terceiro voluntário morreu durante o período de estudo.

Em julho, quando os dois casos foram apresentados na Conferência Internacional de A ids, na Malásia, foi sugerido que eles eram similares ao de Timothy Ray Brown, o famoso “paciente de Berlim”, que está livre do HIV desde 2008. Ele também realizou um transplante de medula óssea de um doador com uma rara mutação, chamada delta 32, que garantia resistência ao vírus. Alguns especialistas consideramno o primeiro paciente curado do HIV. No caso dos pacientes de Boston, os doadores não tinham esta mutação, e, além disso, o transplante foi parcial, e não total.

O ressurgimento do vírus nos dois pacientes “é decepcionante, mas cientificamente significante”, afirmou num comunicado Timothy Henrich, médico do BrighamWomen`s Hospital, que acompanhou os dois pacientes. Ambos retornaram aos antirretrovirais, mas “estão com boa saúde”, acrescentou.

“Por meio desta pesquisa, nós descobrimos que o reservatório de HIV é mais profundo e mais persistente do que conhecíamos, e nossos padrões para sondagem do vírus não devem ser suficientes para nos informar s e a longo prazo a remissão do HIV é possível”.

Em julho, Henrich anunciou que um deles estava sem o coquetel há sete semanas e o outro, há 15. S em o antirretroviral, o vírus retornaria em menos de um mês. Naquele período, Henrich já afirmava que os pacientes estavam em remissão, e não curados. E alertava que o vírus “poderia retornar em uma semana, ou em seis meses”. Um deles voltou a apresentar o HIV em 12 semanas, enquanto que outro, em 32 semanas. Ambos continuarão a ser monitorados e farão parte de novo estudo sobre reinício dos antirretrovirais.

OUTRAS INICIATIVAS EM TESTE 

Esta semana, começou a ser desenvolvida uma vacina terapêutica espanhola, que contará com € 6 milhões da União Europeia.

Testes em humanos começam em 2017. A ideia é replicar em l aboratório o vírus enfraquecido e reinjetá-lo no organismo com células de defesa.

Além disso, cientistas divulgaram em outubro que um bebê soropositivo dos EUA estaria livre do vírus. Infectada pela mãe, a menina começou a tomar antirretrovirais 30 horas após nascer, em 2010, e seguiu com a terapia até 18 meses.

Fo nte: O Globo
Autor: Flávia Milhorance